31.12.05

2005 em revista

Fechar para balanço: actividade iniciada em Abril 2005.
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Abril 2005
Analisei o Congresso do PSD e escrevi pela primeira vez sobre o 25 de Abril – sobretudo sobre a coragem daqueles militares.

Maio 2005
Considerei o Não francês à Constituição Europeia um erro quádruplo. Ri-me com a moda dos coletes reflectores nas costas dos bancos.

Junho 2005
Tive a primeira polémica on-line, sobre o Homo Broncus Lusitanus. As mortes de Cunhal e de Eugénio de Andrade. A antena de operador de telemóvel disfarçada de pinheiro. O Médio Oriente. E os nabos de Felgueiras...
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O circuito da Boavista. Os atentados de Londres. Uma mudança de visual que foi um erro (rapidamente corrigido), com comentários ainda resultantes da polémica do Homo Broncus. E como o nosso cérebro consegue ler txeots apraenetenmte dserpoviods de snetdio.

Agosto 2005
As férias, as eleições autárquicas e presidenciais que já começavam a sentir-se, uma cerveja abençoada e rara, os vizinhos no crime, a campanha Pobreza Zero, o 1º ataque de publicidade intrusiva (vários comentários anónimos com fins publicitários) e o meu primeiro ataque à candidatura de Soares.

Setembro 2005
Iniciei-me na crítica a filmes, voltei à Pobreza Zero, fiz o 2º ataque a Soares – que levou a uma viva troca de comentários.

Outubro 2005
Sem espanto, dominado pelas eleições autárquicas: dos cartazes mais hilariantes das campanhas por esse país fora às minhas fotos e impressões da campanha no Porto, passando pelos motivos porque votava Rui Rio ou porque achava que tem mais sensibilidade social que os socialistas.

Novembro 2005
Mês com temas muito variados, da prostituição de rua em Barcelona aos conflitos em França com os chamados imigrantes de 2ª geração.

Dezembro 2005
O fim dos comentários políticos mais “sérios” (de agora em diante no Arquipélago dos Gladiadores) e, portanto, posts mais light (não confundir com Margarida Rebelo Pinto, p.f.) – como o Pai Natal pode revelar o nível de desenvolvimento de um país, por ex.

30.12.05

Bater no fundo

Será que o nosso país bateu no fundo? O blog Cabalas dá a resposta aqui... (só para maiores de 18 anos com sentido de humor).

26.12.05

Animais abandonados

O Natal é uma época de belas palavras e intenções. Quem quiser passar à prática, aqui fica uma sugestão (vinda da Menina Marota).

Boas Festas!

23.12.05

Corrosivo!

«Nesta República, porém, Mário é, para uns, um excelente político de Oposição, um ainda melhor arregimentador de energias durante o PREC, mas um mau primeiro-ministro, transfigurado depois numa espécie de verdadeira "vocação" presidencial. O Mário executivo, que tinha de saber de coisas certas, foi sempre inferior ao Mário presidente, que podia "ter conversa", viajar e ler romances de teses.

[…] Daí que se diga que, quanto mais envelhecemos, mais nos aproximamos da criança que ainda nos habita. Enterneçam-se, mas não nos macem com ela.»

Nuno Rogeiro, Jornal de Notícias, 23-12-2005

22.12.05

Pai Natal como critério de desenvolvimento

Proponho um novo critério para aferir o nível de desenvolvimento de um país: os Pais Natal dos centros comerciais e das grandes lojas.

Já todos vimos os das lojas americanas (se não ao vivo, pelo menos na TV ou no cinema), sentado numa poltrona, a ouvir das criancinhas o que elas querem para o Natal. E já vimos que há sempre o cuidado de escolher bem o "actor" para o papel, a sua roupa e, sobretudo, deixar claro como deve comportar-se (o que nos filmes dá sempre azo a melhores ou piores gags). OK, é por motivos comerciais, mas as crianças mais pequenas ficam mesmo convencidas que ali está o Pai Natal.


Já aqui pelo nosso país... o caso é bem diferente. Há de tudo: aqueles magros como uma top-model em dieta pré-Verão, aqueles vestidos com uma espécie de roupão vermelho deslavado, aqueles que têm uma barba a ver-se o elástico, aqueles com cara de seca maior que a do último Verão, aqueles que mal se levantam da poltrona e ainda à vista de todos começam a falar de futebol ao telemóvel e a tirar o barrete e demais adereços, etc., etc., etc. É aquela falta de rigor, exigência e profissionalismo que nos falta... Por parte dos empresários e dos trabalhadores. Haja brio, que as crianças agradecem: hoje, por causa do Natal; amanhã, porque o que fizermos hoje com a nossa Economia vai-se reflectir no futuro delas.

A todos os amigos deste blog...


Feliz Natal
e um 2006 absolutamente Fantástico!!!




Bento XVI vestido de Pai Natal?


"O Papa vestido de Pai Natal? Ao primeiro olhar, pode parecer que sim. Mas não: Bento XVI foi ao guarda-roupa do Vaticano e decidiu usar um camauro contra o frio que, desde há dias, atinge Roma. O camauro é um chapéu reservado aos papas, muito popular no Renascimento - o que se pode ver nos quadros que representam os pontífices da época. De veludo vermelho e debruado com pêlo branco, o camauro evoluiu do chapéu usado nas universidades medievais. Ontem, Bento XVI surpreendeu os peregrinos que estavam na Praça de S. Pedro para a audiência geral das quartas-feiras, a última antes do Natal. Depois de ter caído em desuso, João XXIII (1958-1963) reabilitou-o, usando-o com frequência. Mas os últimos três papas nunca o tinham utilizado. O Papa continua a realizar as audiências ao ar livre, apesar do mau tempo. Ontem, cerca de 15 mil pessoas estariam na Praça de S. Pedro. "
Texto: Público de hoje; foto: Canadian Press

16.12.05

Está percebida a motivação para concorrer...

“Sem estratégia, sem programa, sem campanha e sem apoios, Maria Teresa Lameiro, funcionária pública de Vila Nova de Gaia, de 56 anos, entregou no Tribunal Constitucional 10.700 assinaturas para se candidatar a Presidente da República. O seu objectivo é "ganhar as eleições" e diz que não apresenta já o seu programa "senão os outros candidatos ainda copiam". […]
Ser Presidente da República "é uma ocupação como outra qualquer, mas mais convidativa a nível monetário".
Isabel Gorjão Santos, Público, 16-12-2005

Inflação da atenção televisiva

“Tem-se dito também que estes debates têm sido soporíferos, e que adormecemos ao vê-los, Que revelam tais afirmações? Que a televisão cada vez mais impede um discurso articulado, que exista para ser ouvido. O preço da atenção televisiva é cada vez mais caro”.
Eduardo Prado Coelho, Público, 16-12-2005

9.12.05

Está explicado o insucesso escolar!

Em análises recentes, verificou-se que em 15 escolas básicas do norte de Portugal os valores de dióxido de carbono encontrados eram o dobro do normal. Esses valores levam a problemas pulmonares, alergias e... fadiga e falta de concentração! Pronto, está explicado o insucesso escolar! A culpa é do dióxido de carbono. Ou não, ou não...

4.12.05

Tornei-me gladiador

A partir de agora, este blog terá menos posts sobre política, porque comecei a escrever no blog Arquipélago dos Gladiadores, onde passarei a escrever os comentários políticos. Assim, este blog fica mais pessoal (embora não deixe completamente de ter notas políticas, porque elas por vezes também são pessoais).

22.11.05

Mundo cão



Há duas formas de abordar a política: uma mais analítica (Sociologia Política, História Política, Psicologia Política, etc.), a outra mais pragmática (intervenção nos processos políticos).

Sempre gostei das duas, mas também sempre tive a certeza que um dia me ia dar mal com a segunda. É realmente um mundo cão.

PS: as minhas desculpas ao cão da foto, que não tem culpa nenhuma; foto retirada do site Sr. Cão.

10.11.05

Para reflectir...

... os textos de Vital Moreira (aqui) e de Ana Gomes (aqui, aqui e aqui) no blog Causa Nossa, sobre Paulo Pedroso e o Ministério Público.

O grande problema é que a situação coloca em grande dúvida a credibilidade do Ministério Público. Que as pessoas não confiam grandemente nos políticos, é sabido. Mas não confiam porque consideram (com ou sem razão, não interessa para aqui) que estes têm objectivos que muitas vezes nada têm a ver com a melhoria da sociedade. Já no que toca às instâncias judiciais, penso que até recentemente havia a convicção que funcionavam de forma independente. Os casos "autárquicos" e, agora, o caso de Paulo Pedroso (e, em menor medida, os de Herman José e de Francisco Alves), vieram pôr essa convicção em causa.

No caso Casa Pia, espero que, de uma vez por todas, se apure toda a verdade e que os culpados sejam condenados exemplarmente. Mas não está fácil para o cidadão comum ter a certeza de onde mora a verdade.

Parlamento português

No Abrupto de hoje, um texto enviado por uma leitora (Madalena Ferreira Åhman) que descobriu no Shorter Oxford English Dictionary a seguinte expressão: Portuguese parliament. Pelos vistos, na gíria náutica, parlamento português significa uma discussão em que muitos falam ao mesmo tempo e poucos ouvem. Conclui a leitora: «A fama da Assembleia da República chega longe!»

9.11.05

JPP sobre a França

No Abrupto, anteontem:

«Num artigo de hoje do Libération , que se queixa de que o “Estado abandonou os bairros sociais (as “Cités”)”, percebem-se três coisas:

a enorme rede de subsídios e financiamentos estatais típicos do “modelo social europeu”. O artigo cita a crise das acções de alfabetização, financiamentos do Fasild (antigo Fundo de Acção Social), acções de prevenção com adolescentes, programa de empregos-jovem, acções com mulheres, associações subsidiadas (o exemplo é uma intitulada Sable d’Or Mediterranée) que fazem acções de inserção, acolhimento dos recém emigrados, acesso à cultura, teatro de adultos, iniciação ao cinema, vários projectos artísticos e culturais, etc., etc.;

a enorme quantidade de pessoas que trabalha nestes programas, associações, ONGs, que são elas próprias um grupo de pressão para o aumento dos subsídios e o alargamento dos apoios estatais, e que, não é por acaso, aparecem nesta crise como as principais vozes “justificando” a “revolta dos jovens”;

e, por último, o enorme contraste entre o modo europeu de “receber” e integrar os emigrantes envolvendo-os em subsídios e apoios, centrado no estado e no orçamento, hoje naturalmente em crise; e o modo americano que vive acima de tudo do dinamismo da sociedade que lhes dá oportunidades de emprego e ascensão social.»

8.11.05

Matrículas e seguradoras

Através deste site podem saber qual a seguradora de qualquer veículo. Basta inserir a matrícula.
É bastante útil para aqueles casos em que a pessoa bate e foge.

Não precisam de agradecer...

7.11.05

Importam-se de repetir???

Parte do espólio da Comissão dos Descobrimentos desapareceu

«O Tribunal de Contas detectou que parte do espólio da Comissão para a Comemoração dos Descobrimentos, estimado em cem mil euros, desapareceu no processo de extinção desta entidade, concluído em 2003.

As conclusões constam de um relatório do Tribunal de Contas (TC), hoje divulgado, resultante de uma auditoria financeira realizada este ano à gerência de 2003 da Secretaria-Geral do Ministério da Cultura (SGMC).O TC detectou uma diferença de cem mil euros no inventário realizado pela Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses (CNCDP), que rondava os 486 mil euros, e no realizado pela SGMC, num total de 385 mil euros.»

In Público de hoje. Para ver notícia completa, clicar aqui.

No meio da loucura, ainda há esperança

O rapaz palestiniano de 12 anos que foi atingido por soldados israelitas quando segurava uma arma de brinquedo na mão não sobreviveu à gravidade dos ferimentos e a família anunciou anteontem a sua morte.

Onde está a esperança? É que a família do rapaz anunciou também que irá doar os seus órgãos, não se importando se serão transplantados para criança(s) judias ou palestinianas. Uma lição para radicais de ambos os lados.

A Pousada do Freixo

Mais um exemplo de jornalismo duvidoso na nossa praça. Quando Rui Rio anunciou um acordo para instalar uma Pousada nos edifícios do Palácio do Freixo e das Moagens Harmonia, logo começou a contestação: que era entregar a um grupo privado, que era preciso assegurar o usufruto público (como se sabe, era frequentíssimo...), que ia desvirtuar um espaço que estava recuperado e que, no caso das Moagens Harmonia, era ainda por cima um exemplar único. Como os jornalistas afirmam estas coisas sem confirmação, não sei. Vão na onda do esquerdisticamente correcto - que, como se sabe, adora dizer mal de grandes grupos económicos privados, sobretudo quando estão na oposição.

Por isso, vale a pena ler o que escreveu no Público de 6 de Novembro passado um especialista em património industrial:

«É inacreditável que, na tentativa de se contestar a instalação da pousada se afirme (ver PÚBLICO, de 6/6/2005) que "a tecnologia alemã que tornou a sua construção possível faz do imóvel um raro exemplar de arquitectura industrial", ou que "foi construído de uma forma inovadora - com materiais como o ferro, a pedra e a madeira". A dita "tecnologia alemã" não foi mais do que a de um mestre-de-obras dos arredores do Porto. E ficamos também a saber que a simples, e mais do que comum, utilização do ferro, pedra e madeira lhe conferiu características "inovadoras", para não falar já desse invejável atributo que é a sua "singular verticalidade" ou do facto de "vibrar na sua totalidade durante o trabalho das máquinas a vapor, sem desmoronar". É que, apesar da sua singeleza, seria impossível que o mesmo desmoronasse, para além de que só havia uma máquina a vapor, cuja "vibração" de modo algum ameaçava a segurança do edifício. »

Para ler todo o texto - vale a pena! - clicar aqui.

4.11.05

Vasco Pulido Valente

Mário Soares começou a sua ofensiva numa direcção previsível, dizendo que o prof. Cavaco não pode ser Presidente da República, porque não tem uma “cultura humanística” e não passa, no fundo, de um puro técnico com uma visão estreita e viciada das coisas.

Nada mais natural que Soares pense e acredite nisto. Nasceu numa família política (o pai era uma personagem importante do partido de Afonso Costa), cresceu num ambiente dominado pelo marxismo (Álvaro Cunhal foi, para ele, um professor e um mentor) e viveu durante meio século as polémicas teológicas da esquerda. Para resistir ao comunismo, uma ideologia “totalitária” (não gosto da palavra, mas não há outra melhor), Soares precisou de saber alguma filosofia e alguma história (até se formou em Histórico-Filosóficas, com uma tese, salvo o erro, sobre Teófilo Braga) e também de se interessar a sério pela arte e pela criação artística, nomeadamente por pintura e literatura, por causa da “teoria” do “realismo socialista”, que Estaline tentou impor em toda a parte. [...]

Cavaco, esse, veio de um meio relativamente pobre e, presumo, apolítico; e ficou confinado, por necessidade ou falta de estímulo, à sua profissão. Além disso, achava (e não faço ideia se ainda acha) o pensamento económico mais do que bastante para explicar o mundo, no que aliás se não distingue da generalidade dos colegas, uma classe particularmente pouco lida e intelectualmente limitada. Só depois, tarde na vida e já primeiro-ministro, descobriu que existia uma realidade irredutível à sua egrégia disciplina. E mesmo assim volta sempre à origem, como, por exemplo, na famosa metáfora da boa e má moeda, que ajudou a liquidar Santana.

Posto isto, sobra uma pergunta óbvia: a diferença cultural entre Cavaco e Soares — essencialmente uma diferença de época, de família e dinheiro —pesa num Presidente da República? E a resposta é “não”. Pesa num almoço, não pesa em Belém. [...]

Vasco Pulido Valente, Público, 4-11-2005

2.11.05

E agora para algo completamente diferente...

«A Câmara de Barcelona aprovou uma extensa lista de normas de convivência para punir comportamentos anti-cívicos. Vomitar, urinar, defecar, cuspir, pintar graffiti, colocar cartazes fora dos locais próprios, mendigar na rua, exercer a prostituição ou fazer venda ambulante não autorizada passa a custar dinheiro em 2006. As multas vão dos 120 aos três mil euros.

"Este é um pacote de medidas para garantir e assegurar a convivência na cidade que introduz o conceito de garantia pela tipificação de algumas atitudes", explicou a vereadora Assumpta Escarp, vereadora do pelouro da cidadania da Câmara. Junto com o alcaide socialista Joan Clós, Escarp defendeu as novas normas que entram em vigor no primeiro dia do próximo ano, por entre alguma surpresa e incredulidade. Mesmo os parceiros dos socialistas na vereação fizeram reparos a uma lista considerada excessivamente normativa e que, pelas penalidades previstas, se vai converter em fonte de receita.

Contudo, há certa justificação para alterar a legislação em vigor, que data de 1998. De cidade modelo nos anos 90, Barcelona está a passar por uma progressiva degradação, como revela a opinião dos seus habitantes nas diversas sondagens: a cidade está mais suja, o trânsito mais caótico e a vida é mais difícil. O cosmopolitismo da última década do século passado, que converteu a urbe num ex-líbris cujas ruas são repetidamente utilizadas para rodar filmes ou anúncios de televisão, trouxe também comportamentos indesejáveis. A venda ambulante, sobretudo os denominados "top-manta", a venda de CD"s pirata colocados sobre uma manta no pavimento, e a mendicidade "agressiva", pela qual se define o comportamento dos imigrantes que limpam os pára-brisas nos semáforos em troco de alguns cêntimos, são fenómenos que têm a ver com as crescentes correntes migratórias. Razão pela qual não é uma norma camarária que os vai resolver, havendo mesmo polémica se uma autarquia tem possibilidade de legislar sobre estas matérias. Embora correndo o risco de este regulamento ser considerado hipócrita - por querer esconder o que existe -, o executivo municipal de Barcelona não hesitou.

A prostituição de rua, sobretudo na parte velha da cidade, que as aventuras do detective Pepe Carvalho [personagem dos livros de Montalbán] tornaram célebre em todo o mundo, passa a ser punida: não só para quem oferece os seus serviços, mas também para o cliente. O mesmo sistema vigora no caso dos "top-manta", com as multas a serem para quem vende e quem compra. Fazer sexo num espaço público perturbando os cidadãos ou próximo de uma escola consta, também, do catálogo de proibições ou de multas. Já se admite que namorar em Montjuic, local afastado e habitual ponto de encontro dos barceloneses apaixonados, não será punível.

Será o senso comum a presidir à aplicação das normas pela Guarda Urbana, a polícia municipal da cidade. Assim, beber uma cerveja enquanto se come uma sandes e se passeia pelas Ramblas não terá o mesmo enquadramento que organizar a altas horas da noite uma festa na rua à volta de uma litrona, uma garrafa de litro de cerveja, perturbando o sono dos habitantes da zona.

A normativa estuda casos concretos. O dos estrangeiros apanhados em falta, que devem pagar a sanção quando são detectados. Caso não o façam a Câmara accionará a via penal, através da figura de desobediência à autoridade. Também se o infractor for menor de idade, a sanção pecuniária é substituída por medidas correctoras: da frequência de sessões formativas a trabalhos para a comunidade ou qualquer outra actividade de carácter cívico. Por fim, a lei prevê a possibilidade de oferecer compensações aos cidadãos que denunciem situações vinculadas a mafias organizadas. Consciente de que este pode ser um terreno pantanoso, o alcaide Clós sublinhou: "Não é um sistema de denúncia estalinista."

Multas
Pintar graffiti 120 a 3000 euros
Prostituição, oferecer e solicitar 100 a 500 euros
Urinar na rua 120 a 1500 euros
Venda e compra ambulante 120 a 500 euros
Consumo de álcool quando perturba 750 euros»

Por Nuno Ribeiro, in Público, 31.10.2005

26.10.05

Mau gosto


O artigo que Joana Amaral Dias, esse personagem da esquerda-chic bloquista e mandatária para a juventude de Mário Soares, no DN de ontem, é de muito mau gosto. Não pelo ataque infantil a Cavaco, mas por gozar em tom trauliteiro e básico com um assunto bem sério (e esperemos que não fique mais sério) - o vírus h5n1.

24.10.05

Sá Carneiro II

Há já vários meses que o jornalista Adelino Gomes tem publicado no Público excertos retirados da imprensa durante o Verão Quente de 1975. Vale a pena ir lendo esses excertos, para perceber melhor o que foi o PREC (Processo Revolucionário em Curso) e como nos safámos de uma ditadura de extrema-esquerda.

Do texto de hoje retirei o seguinte excerto: "Sá Carneiro, por seu lado, faz publicar no Diário Popular a sua tréplica à réplica do almirante Rosa Coutinho, no mesmo jornal, há dois dias. "Entre mim e o sr. almirante nada há de comum. (...) Até porque o sr. almirante está, declarada e intencionalmente, com as minorias; e nós, democraticamente, com a esmagadora maioria dos portugueses, contra a destruição do País", escreve, num texto de combate."

Contra a destruição do país...

21.10.05

Vergonha

Fui hoje ao site www.publico.clix.pt. Tendo ouvido ontem a declaração de candidatura de Cavaco Silva à Presidência da República, fiquei estupefacto por ver o título: "Cavaco Silva não prescinde do poder de dissolução" que, verifiquei depois, surge também como subtítulo na capa da edição impressa.
O título desta notícia é uma vergonha para um jornal como o Público. Desvirtua completamente o sentido das declarações de Cavaco Silva, que deixou bem claro ser a favor da estabilidade. Aliás, a questão não é se prescinde ou não. É um poder conferido pela Constituição, ponto final. Não teria qualquer sentido precindir deste ou de qualquer outro poder.
Mas o fundamental é que toda a gente percebeu que Cavaco não dissolverá a Assembleia caso ganhe as eleições. Deixou bem claro que é a favor da estabilidade, que Portugal precisa de estabilidade e que só admite a dissolução em circunstâncias muito, muito excepcionais (tudo citações das declarações de ontem). Seja por incompetência ou má-fé, isto é certamente jornalismo-lixo.

Faz pensar...

Quem é diferente, quem é?

19.10.05

Sá Carneiro I

Recentemente ofereceram-me o livro que reúne as intervenções de Sá Carneiro no Parlamento português, quer na Assembleia Nacional (Dezembro 1969 a Janeiro 1973), quer na Assembleia da República (1976-1980) - Sá Carneiro, Intervenções Parlamentares. Lisboa: Assembleia da República, 2000.

Muitas das intervenções estão directamente ligadas a questões da época, mas há alguns discursos intemporais. Dois deles, datados de 16 e 23 de Junho de 1971, são particularmente interessantes. São relativos à revisão da Constituição do Estado Novo, que então se preparava. Para além do projecto "oficial" de revisão, que pretendia mudar algo para não mudar nada, Sá Carneiro e outros deputados da chamada "Ala Liberal" apresentam um projecto próprio.

A propósito dessa matéria, Sá Carneiro aproveita para fazer uma exposição da sua visão acerca da problemática das relações pessoa-sociedade e da limitação dos poderes do Estado pelos direitos da pessoa.

E tanto ataca o Estado totalitário em que se vivia, como o Estado social excessivamente interventor, como a sociedade tecnocrática para a qual se caminhava e em que hoje vivemos plenamente.

Vale a pena ler a sua visão dos erros da nossa sociedade e do caminho a seguir - o respeito integral dos direitos da pessoa humana e, em particular, da sua liberdade (ver uma selecção minha deste discurso aqui).

18.10.05

Medidas do Bloco de Esquerda para acabar com os incendiários :)

1 - Despenalização imediata dos incêndios.

2 - Tendo em conta que os incendiários são doentes e socialmente marginalizados, devem ser tratados como tal: é preciso criar zonas específicas para poderem incendiar à vontade. Nas "Casas de Incêndio" serão fornecidos fósforos, isqueiros e alguma mata. Sob a supervisão do pessoal habilitado, poderão lutar contra esse flagelo autodestrutivo.

3 - Fazer uma terapia baseada nos Doze Passos, em que o doente possa evoluír do incêndio florestal à sardinhada. O pirómano irá deixando progressivamente o vício: da floresta à mata, da mata ao arbusto, do arbusto à fogueira, da fogueira à lareira, da lareira ao barbecue até finalmente chegar à sardinhada do Santo António e São João.

4 - Quando o pirómano se sentir feliz a acender a vela perfumada em casa, ser-lhe-á dada alta, iniciará a sua reintegração social e perderá o seu subsídio de incendiário.

Campanhas memoráveis... PS

Valverde - cidadões, já podeis assar!

Mafra - no comments...

Campanhas memoráveis... PSD

Vila Verde - debaixo dos vossos tectos = visitas ao domicílio??

16.10.05

Campanhas memoráveis... a continuar! E ainda, António Barreto

Abaixo estão alguns cartazes memoráveis desta última campanha eleitoral, enviados pela Zona Franca. Não, não me esqueci do PS e do PSD, não tewnho é tempo de colocar hoje porque o sistema está muito lento e a minha vida não é isto...

Entretanto, cá fica um excerto do artigo de hoje de António Barreto no Público (disponível online apenas para assinantes):

"[...] A acumulação primitiva, a corrupção, boa parte do capitalismo português e a demagogia eleitoral vivem da obra. Da construção. E daquilo a que se chama o urbanismo. Neste domínio, a falta de autoridade, de decência e de legalidade, em grande parte efeito da acção das autarquias, surgiu aos nossos olhos como nunca antes. Mas não tenhamos dúvidas: o exemplo também vem de cima. Talvez com mais legalidade aparente, os governos da República e das regiões têm tido uma actuação pedagógica eficaz. O modo como tratam das grandes obras, como encaram as últimas privatizações dos "bocados mais apetecidos" e como legitimaram o nepotismo nas nomeações da Administração Pública constitui um modelo e um padrão de comportamento para o poder local.

É verdade que assistimos também a alguma disputa entre as direcções centrais dos partidos e os seus órgãos locais, os seus candidatos e as suas vedetas populares. Pode parecer que a virtude mora na capital, no centro, e o pecado reside na província, na periferia. Mas é bom não termos ilusões. Na verdade, está aberta, há algum tempo, dentro dos partidos, uma competição real pelo poder efectivo. O poder local tinha assegurado, ao longo de duas décadas, uma posição invejável. Perante a crescente inoperância dos partidos no centro, era aquele que fabricava líderes, arrumava listas para os órgãos nacionais, impunha políticas e organizava a socialização política das juventudes e dos futuros militantes. Até que as direcções nacionais perceberam que estavam prisioneiras. E contra-atacaram. Começaram, previsivelmente, pela duração dos mandatos. Passaram pelas nomeações de dirigentes da Administração Pública. Continuaram com as designações de candidatos. Vão prosseguir com os orçamentos. E, talvez, quem sabe, com uma nova estratégia para as polícias, a Procuradoria e os tribunais. Os resultados deste confronto são incertos. [...]"

Campanhas memoráveis... CDS-PP

Porto de Mós - mas há gangs em Porto de Mós?! Ou é para acabar com a Oposição?


Moncorvo - mas pode o quê?


Moncorvo - evoluir é engordar?


Chaves - cliquem na imagem para aumentar; vale a pena...


Chaves - idem!

Campanhas memoráveis... CDU

S. Brás de Alportel - reparem no slogan de baixo!

Campanhas memoráveis... Bloco

Trafaria - conselho: nunca tirar foto para cartaz em dia de ressaca...


Estremoz - a qualidade gráfica; a originalidade; o teaser do nome sem foto...


Estremoz - quantas horas de trabalho neste cartaz...

11.10.05

Fascista?

Cerca de 50 mil portuenses (20% da população) vivem em bairros sociais municipais, o que faz da Câmara do Porto o maior senhorio da Europa! Durante 12 anos de gestão Gomes/Cardoso, esses bairros foram degradando-se continuamente, estando em 2001 a precisar de obras profundíssimas. Para além do péssimo estado de conservação, encontravam-se completamente isolados da cidade, já que não havia ruas a "rasgar" os bairros que os condutores ou os peões usassem para ir de um ponto A a um ponto B da cidade. Os habitantes dos bairros faziam quase toda a sua vida exclusivamente nos bairros, indo tomar café à colectividade do bairro, fazendo as compras numa qualquer merceariazinha no bairro, etc. Havia (provavelmente ainda há, mas menos) crianças que nunca tinham visto o rio ou o mar. Eram autênticos guetos, com elevada criminalidade, baixa auto-estima e estigmatização dos habitantes.

Quando se candidatou à Câmara em 2001, inicialmente Rui Rio elegeu como prioridade para o seu mandato a recuperação da Baixa. Quando a campanha começou, rapidamente percebeu que a prioridade número um tinha de ser a coesão social e, em especial, a habitação social. Ao longo destes 4 anos, o orçamento da Câmara para os bairros mais que duplicou. E teria subido ainda mais, não fosse a deplorável situação financeira que o PS deixou.

Qual a estratégia? Começou por recuperar habitações devolutas. Depois, realojou pessoas que já viviam nos bairros, noutras habitações degradadas, nessas habitações reabilitadas, para depois recuperar as habitações de onde saíam. E assim sucessivamente, num trabalho que ainda dura e durará muitos anos. Só não realojava pessoas numa de três situações: pessoas que tivessem outra residência em seu nome (que, portanto, não precisavam de habitação municipal), pessoas que estivessem a ocupar ilegalmente uma habitação (que não tinham título da Câmara a conferir-lhes direito a essa habitação) e pessoas que demonstradamente utilizassem a habitação para actividades ilícitas (como tráfico de droga e/ou de armas).

Estas regras de alojamento levaram a oposição a chamá-lo de fascista e outras coisas do género.

Mas os resultados estão à vista: nas freguesias com mais bairros, Rui Rio subiu muito na votação. Em Lordelo do Ouro, freguesia com 50% (!!) da população a viver em bairros municipais, Rui Rio teve maioria absoluta. Em Aldoar (lembram-se dos famosos incidentes?), ganhou as eleições para a Câmara apesar de ter perdido as eleições para a Junta (para ver os resultados clicar aqui, escolher Distrito "Porto", concelho "Porto" e Freguesia "Aldoar", em seguida na linha "Comparativos" clicar "Câmara Municipal" para ver os resultados para a Câmara e clicar "Ass. de Freguesia" para ver os resultados para a Freguesia - não, não há links mais directos), o que mostra bem que as pessoas distinguiram uma e outra eleição e, no caso de Rui Rio, deram-lhe o seu apoio maioritário!

É por isso que eu digo aos meus amigos de Esquerda que Rui Rio tem mais sensibilidade social que todos os socialistas juntos e que fez mais em 4 anos pela coesão social da cidade do que o PS em 12 anos!

Para mais tarde recordar


Sexta-feira, 7 de Outubro de 2005. Último dia de campanha eleitoral. Caravana da coligação PSD/CDS junta várias centenas de carros junto na praça do Castelo do Queijo. Quando arrancou, a caravana estendeu-se do Castelo do Queijo à praia da Luz! A mostrar o caminho, um autocarro de 2 andares. No andar de cima (a descoberto), Rui Rio segue à frente (foto) e vai acenando às pessoas pelas ruas da cidade. A música chama as pessoas à janela. A adesão é fantástica.

Todos nos interrogamos: como é que as sondagens dão uma aproximação de Francisco Assis? Como é que a sondagem da TVI, saída na véspera, dá a vitória ao PS? Eu não conseguia acreditar. Não apenas pela caravana, mas porque ao longo de toda a campanha eleitoral senti um apoio maioritário e vi muita gente a dizer-se de Esquerda mas a garantir que ia votar Rui Rio. Mas as sondagens... Afinal de contas nas Legislativas as sondagens até tinham acertado. Fiquei a achar que íamos ganhar, mas com maioria relativa.

Domingo, 9 de Outubro. Fiquei numa mesa de voto (das 7 da manhã às 21h!!) e, um bocadinho antes das 19h, liguei o rádio do telemóvel (com auricular, não fosse ainda aparecer algum eleitor tardio). Ouço na TSF: "faltam 15 segundos para as 19h... vamos divulgar as primeiras projecções já a seguir... Carmona e Rio vencem." Bom sinal! Toca a desligar o rádio e a contar os votos.

Cerca das 21 horas, fim da contagem dos votos na minha mesa. Vou entregar os resultados ao secretariado e pergunto pelo resto: na minha freguesia, vitória quase certa (embora ainda faltasse metade das mesas); na cidade, vitória de Rui Rio, podendo chegar à maioria absoluta!

Cerca das 22 horas, todas as mesas da minha freguesia estavam contadas. Ganhámos! Siga prá Baixa! Declaração de vitória de Rui Rio e mini-caravana, agora à volta da Câmara Municipal e da Trindade. Para além do autocarro (fotos abaixo)...


... também um camião tipo "trio eléctrico", onde seguiu Rui Rio a agradecer aos apoiantes.



Cerca das 23 horas, a notícia: maioria absoluta na Câmara e, provavelmente, também na Assembleia Municipal! Festa total!

8.10.05

Porque voto Rui Rio

1. Pela política de habitação - por ter acabado com as "ilhas" municipais, por ter acabado com os casos de hiperocupação de habitações sociais (9 ou 10 pessoas num T2, por ex.), por estar a recuperar os bairros sociais (cujo abandono pelo PS foi o maior crime do séc. XX no Porto).

2. Pelo projecto de recuperação da Baixa - já não é só recuperar 2 ou 3 casas para acalmar a consciência, este é um projecto com pernas para andar.

3. Pela definição de prioridades correctas - e não em função dos votos, do espectáculo, dos jornais ou dos lóbis.

4. Pelo saneamento financeiro da Câmara.

5. Como disse há uns meses, pela determinação na prossecução do bem comum, imune à pressão anti-democrática mas ruidosa que lhe tem sido movida.

6. Pela honestidade.

Muitos dizem mal da política e reclamam políticos diferentes. Amanhã é dia de passar das palavras aos actos.

28.9.05

Os votos de Alegre

Parece-me que Manuel Alegre vai colher votos sobretudo entre pessoas de Esquerda que estariam a pensar em abster-se, por não se reverem no candidato "oficial" do PS (ou, pelo menos, no PS oficial) nem na Esquerda mais radical.

Isto é, vai colher votos entre os socialistas desencantados com os socialistas no governo.

Greves

Como muito bem notou Mário Pinto num artigo do Público de anteontem, cada vez há mais greves na função pública (quando comparado com as do privado - sinais dos tempos), o que demonstra bem como tem vindo a crescer o número de pessoas que trabalha para o Estado. E essa é uma das causas do défice, embora não a única nem porventura a principal.

24.9.05

Soares animador de festas


Soares anunciou que se candidatava a Presidente para combater o desânimo dos portugueses. Eu não quero um Presidente que anime, se não votava num dos Gatos Fedorentos ou no vocalista dos Ena Pá 2000!!

Não há dúvidas que as próximas eleições presidenciais vão permitir aferir a saúde mental dos portugueses...

António Lobo Antunes

A não perder a edição (para breve) de cartas de António Lobo Antunes à sua mulher, quando estava ao serviço do exército português na guerra colonial. Provavelmente será uma óptima ajuda para melhor perceber a presença recorrente dessa guerra na sua obra.

Lobo Antunes é um dos escritores da minha adolescência e pós-adolescência, tanto nas obras de ficção como nas crónicas. Sempre teve uma visão ácida da nossa sociedade. Mas enquanto nas primeiras obras essa acidez se transformava em sarcasmo iconoclasta (imperdível a crónica sobre os portugueses da era cavaquista a descobrirem a maravilha dos passeios dominicais, em fato-de-treino verde e roxo, pelos shoppings que abriam como cogumelos), a partir dos anos 90 foi-se tornando numa acidez mais amargurada, sem esperança, deprimente. Para mim, começou a entrar nessa estrada após "A Ordem Natural das Coisas".

A ver vamos se volto a descobrir o prazer de o ler que tinha há uns anos.

Porque não? Porque não!!

Novo slogan nos cartazes de Rui Sá, candidato da CDU à Câmara Municipal do Porto: "Rui Sá, porque não?". Escuso-me de comentar a debilidade da mensagem (voto em Rui Sá como um mal menor ou um acto repentista), nem a pobreza gráfica do cartaz (velha tradição CDU, cujo fim só chegará com o fim da sua ortodoxia - isto é, nunca). Simplesmente respondo: porque não!!

Um Rio

Fui à ante-estreia do filme português "Um Rio", de José Carlos de Oliveira. É culturalmente incorrecto dizer mal de uma fita deste rectângulo à beira-mar plantado. No mínimo, somos incultos. No máximo, incapazes de perceber um filme 'de autor' (seja lá o que isso for), acéfalos reduzidos à compreensão dos filmes óbvios de Hollywood.

Pois bem, fui de mente aberta. O tema prometia: racismo, misticismo, tensão, numa história de paixão entre uma portuguesa e um moçambicano.

De tensão, zero: o momento que deveria ser de maior frisson (encontro da portuguesa com a família do moçambicano) esfuma-se em poucos segundos e rápidas falas, sem se vislumbrar na face dos actores o que deveria ser um turbilhão de sentimentos de surpresa, revolta, confronto (à excepção da matriarca moçambicana, que se revela uma actriz de talento).

O misticismo perde-se na linearidade das sequências, sem lhe ser dado o devido relevo.

E o racismo percebe-se, mas não se sente verdadeiramente.

Em termos de actores, nota média para a actriz principal; baixa para o actor principal (?!), Abstinêncio (fantástico nome); alta para o actor com o papel de fotógrafo e a actriz já referida, com o papel de matriarca.

Salvou-se na noite a prévia ante-estreia de uma curta-metragem de um aluno da UBi, "Rupofobia". Simples, humorística, incisiva. Isto é, o oposto do que se seguiu.

9.9.05

PobrezaZero



Segunda semana da Banda Branca - 9 a 16 de Setembro de 2005

Amanhã, dia 9, à meia-noite, 75 países vão despertar os seus governantes para a luta global contra a pobreza. Vamos acordar também o nosso Primeiro-Ministro. Vem à concentração junto ao Palácio de S. Bento, a partir das 23h00, e traz o teu despertador. Junta-te a nós e participa.

Desperta para a Luta Contra a Pobreza!
Adere à campanha em www.pobrezazero.org


7.9.05

Capitalismo divino

Era uma vez uma aldeia onde viviam dois homens que tinham o mesmo nome: Joaquim Gonçalves. Um era sacerdote e o outro, taxista. Quis o destino que morressem no mesmo dia. Quando chegaram ao céu, São Pedro esperava-os.
- O teu nome? - Joaquim Gonçalves.
- És o sacerdote?
- Não, o taxista.
São Pedro consulta as suas notas e diz:
- Bom, ganhaste o paraíso. Levas esta túnica com fios de ouro e este ceptro de platina com incrustações de rubis. Podes entrar.
Chega o outro Joaquim Gonçalves.
- O teu nome? - Joaquim Gonçalves.
- És o sacerdote?
- Sim, sou eu mesmo.
- Muito bem, meu filho, ganhaste o paraíso. Levas esta bata de linho e este ceptro de ferro.
O sacerdote diz:
- Desculpe, mas deve haver engano. Eu sou o Joaquim Gonçalves, o sacerdote!
- Sim, meu filho, ganhaste o paraíso. Levas esta bata de linho e...
- Não pode ser! Eu conheço aquele, Senhor. Era taxista, vivia na minha aldeia e era um desastre! Subia os passeios, batia com o carro todos os dias, conduzia pessimamente e assustava as pessoas. Nunca mudou, apesar das multas e repreensões policiais. E quanto a mim, passei 75 anos pregando todos os domingos na paróquia. Como é que ele recebe a túnica com fios de ouro e eu..isto?
- Não é nenhum engano - diz São Pedro. Aqui no céu, estamos a fazer uma gestão mais profissional, como a que vocês fazem lá na Terra.
- Não entendo!
- Eu explico. Agora orientamo-nos por objectivos. É assim: durante os últimos anos, cada vez que tu pregavas, as pessoas dormiam. E cada vez que ele que ele conduzia o táxi, as pessoas começavam a rezar. Resultados! Percebeste? Gestão por Objectivos!

Vamos pensar que os erros são de propósito...







I'm back! ;)

28.8.05

Vou de férias...







... volto dia 5!

Para mais tarde recordar...

Os melhores momentos do Circuito da Boavista.

O perigo do descrédito da Democracia

"A questão de fundo é esta: uma democracia em que Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro, Isaltino Morais e Avelino Ferreira Torres «gozam» assim dela, é uma democracia carecida de ser refundada." Paquete de Oliveira, Jornal de Notícias, 27.08.2005

"Ou o Estado democrático resolve os problemas da República, ou alguém os resolverá contra ele." Manuel Alegre, Expresso, 27.08.2005

"Temo bem que Portugal se esteja a sul-americanizar e venha aí algum caudilho." Pedro Lomba, Grande Reportagem, 27.08.2005


Num artigo que escrevi em Março de 2004 e que coloquei neste blog (clicar aqui para ver todo o artigo), dizia:

"No entanto, convém recordarmo-nos da História: sempre que um regime democrático caiu e foi substituído por uma ditadura ou por uma refundação do sistema partidário, isso deveu-se ao descrédito dos políticos democratas. Lembremo-nos do fim da I República portuguesa, da criação da V República francesa com De Gaulle ou do fim dos partidos políticos tradicionais (Democracia Cristã, Partido Socialista, Partido Comunista) na Itália dos anos noventa. E eu penso que já estivemos mais longe disso no Portugal de hoje."

Penso que podemos estar mais perto de uma refundação do sistema partidário. Quando os portugueses se desiludirem de vez com Sócrates (se é que não se desiludiram já), será que vão voltar a dar a maioria ao PSD? Ou iremos assistir ao nascimento de novos partidos? Ou à subida eleitoral dos partidos mais radicais? É difícil prever. O que não é difícil de prever é que vamos assistir a mudanças. Logo se verá se para melhor.

26.8.05

A diferença

"Enquanto Rio for presidente e tutelar directa ou indirectamente a área do Urbanismo, não haverá vigarices".
Paulo Morais, vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, in Visão, 25-08-2005

Como duplicar os fundos, por Avelino Ferreira Torres

Nos gastos das candidaturas agora divulgadas no site do Tribunal Constitucional, o nome de Avelino Ferreira Torres aparece em duas listas: a primeira, no lugar a preencher pelo nome da candidatura tem escrito "grupo de cidadãos". Ao lado, vem a sigla do movimento que o apoia: "Amar-Amarante com Ferreira Torres". Até aqui tudo bem. As contas totalizam 112.177 euros e 52 cêntimos quando, por lei, Avelino tem até direito a um pouco mais: 112.410 euros. [...]

Mais adiante, no entanto, eis que surge outra folhinha com outro total semelhante que, no lugar reservado ao nome da candidatura, colocou "AFT-Amarante com Ferreira Torres". Nada a ver, portanto, com a candidatura anterior... Esta apresenta no total das despesas a verba de 112.369 euros e 66 cêntimos. Para Ferreira Torres? Não! Este grupo, que usa o nome do autarca certamente por amor ("Amar", como sigla e mote, é aliás o que mais sobra na propaganda do candidato), surge para apoiar a candidatura da advogada Eugénia Maria Dias de Moura Teixeira à Assembleia Municipal. Logo, mais dinheiro.

Estaria, mais uma vez, tudo bem, se tal candidatura fosse completamente independente da de Ferreira Torres. Mas está tudo mal: porque, além da sigla (AFT são as iniciais do dito, como está bom de ver) e do nome do próprio Ferreira Torres usados nesta candidatura, há outra coincidência. Experimentem, na Internet, entrar no site avelinoferreiratorres.com. A seguir, cliquem em "O concelho"; depois, por debaixo de um mapa e da frase "listas candidatas pelo movimento AMARante", cliquem em Assembleia Municipal. Quem vão encontrar, logo na primeira linha? Precisamente Eugénia Maria Dias de Moura Teixeira.

Nuno Pacheco, in Público, 26-08-2005

23.8.05

O erro mental de Co Adriaanse

«O início do campeonato para o FC Porto foi feliz, já que se estreou com um triunfo sobre o Estrela da Amadora (1-0). No entanto, foi uma partida em que os dragões experimentaram algumas dificuldades. O técnico Co Adriaanse deu nota disso mesmo, ao referir no final não ter gostado do jogo, principalmente devido à ansiedade dos seus jogadores. “Não gostei do jogo. Na primeira parte estivemos ansiosos. Esperava marcar pelo menos três golos... Temos que melhorar mentalmente, porque não falta qualidade”.»
in O Primeiro de Janeiro, 23-08-2005

Regra número um da Psicologia, senhor Adriaanse: nunca se diz a alguém ansioso para se acalmar ou para não ficar nervoso. É totalmente contraproducente! E que tal contratarem um psicólogo do desporto? Sim, resultam mesmo.

Interculturalismo e segurança

Desde os atentados de 11 de Setembro nos Estados Unidos, bem como os que se seguiram em Madrid e em Londres, a crítica do multiculturalismo saltou para a agenda pública, como se nele residisse a causa do novo terrorismo internacional ou das tensões étnico-culturais na Europa. Destaca-se nessa crítica que as sociedades ocidentais são excessivamente tolerantes e permissivas na aceitação no seu seio da diferença cultural e religiosa, deixando até medrar radicalismos que lhe são hostis. Importaria, segundo esta perspectiva, recuar nessa abertura e estabelecer outros referenciais mais fechados e, presume-se, mais uniformes em termos religiosos e culturais. Esta tendência tem vindo a consolidar-se entre o "politicamente correcto" como se fosse inevitável e urgente. Ora tal leitura é precipitada e perigosa. [...] É importante perceber que não é a diversidade cultural que efectivamente está em causa, mas o radicalismo fora-da-lei. [...]

Num mundo globalizado, de fronteiras ténues e com uma mobilidade humana crescente, a presença da diversidade cultural não é uma opção: é uma realidade incontornável. Em 2001, a UNESCO, através da sua Declaração Universal da Diversidade Cultural, sublinhava que "em sociedades cada vez mais diversificadas torna-se indispensável garantir uma interacção harmoniosa entre pessoas e grupos com identidades culturais a um só tempo plurais, variadas e dinâmicas, assim como a sua vontade de conviver. As políticas que favoreçam a inclusão e a participação de todos os cidadãos garantem a coesão social, a vitalidade da sociedade civil e a paz". O multiculturalismo é, de todas as opções de gestão da diversidade cultural, a mais exigente: necessita, para o seu desenvolvimento, de convicção, investimento, negociação e transformação mútua. Este modelo permite às minorias étnicas a oportunidade de expressar e de manter elementos distintivos da sua cultura ancestral, especialmente língua e religião, acreditando que indivíduos e grupos podem estar plenamente integrados numa sociedade sem perderem a sua especificidade. De igual modo, defende a ausência de desvantagens sociais e económicas ligadas a aspectos étnicos ou religiosos, a oportunidade de participar nos processos políticos, sem obstáculos do racismo e da discriminação e o envolvimento de grupos minoritários na formulação e expressão da identidade nacional.

Mas esta afirmação de princípios é só uma face da moeda. Há outra sempre presente no verdadeiro multiculturalismo. Tomando a Austrália como exemplo, o modelo multicultural exige a aceitação das estruturas e princípios básicos da sociedade australiana, incluindo a Constituição e o quadro legal vigente, tolerância e igualdade, democracia parlamentar, liberdade de expressão e de religião, inglês como língua nacional, igualdade de sexos, e obrigação de aceitar que os outros expressem os seus valores. No Canadá, entre os três objectivos essenciais do multiculturalismo está a unidade nacional (para além da igualdade e a participação social).

Portanto, enganam-se aqueles que julgam ver no modelo multicultural o expoente máximo do laxismo e a origem da falta de coesão social. Nenhum modelo é perfeito e definitivo. O multiculturalismo pode e deve evoluir. Uma direcção possível - o interculturalismo - acentua o seu carácter interactivo e relacional. Mais do que uma co-existência pacífica de diferentes comunidades, o modelo intercultural afirma-se no cruzamento e miscigenação cultural, sem aniquilamentos, nem imposições. Muito mais do que a simples aceitação do "outro", a verdadeira tolerância numa sociedade intercultural propõe o acolhimento do outro e transformação de ambos com esse encontro. Assim importa, mais do que nunca, consolidar e aperfeiçoar o modelo de diálogo intercultural. Se não o fizermos, podemos estar a destruir as pontes que nos farão muita falta no futuro próximo. Porque para isolar os radicalismos, precisamos mais de pontes do que abismos.

Rui Marques, Público, 23-08-2005

Incêndios e celulosas

"As zonas florestais das celuloses são das menos afectadas por incêndios. O que é preciso é tornar a floresta rentável para todos."
António Costa, "Diário Económico", 23-08-2005

Parece-me que isso acontece porque as grandes empresas celulosas têm meios próprios de detecção e combate aos incêndios (contaram-me que pelo menos uma tem helicópteros próprios). Mas então é preciso que as nossas zonas florestais sejam todas propriedade dessas empresas ou, pelo menos, suas fornecedoras para acabar esta praga? Não há outra solução?!?!

22.8.05

Cerveja abençoada... e rara!

O site ratebeer.com elegeu a cerveja produzida pelos monges belgas do mosteiro de Saint Sixtus como a melhor do mundo. Resultado: ruptura total do stock, que seria para o ano todo! Acontece que os monges não produzem para lucro (é, ainda há gente assim, graças a Deus!), produzem apenas o necessário para financiar o mosteiro. Vai daí, pararam a a produção. É de mim ou estas louras belgas vão começar a surgir a preços proibitivos?

Vontade de trabalhar extraviada

Isto de ser carteiro não deve ser nada fácil. Carregar não sei quantos quilos de correspondência com chuva a potes, frio de rachar ou calor à alentejana, deve custar bastante. A tentação de deixar algumas cartas por entregar deve ser grande.

Um carteiro da Sardenha, Antonio Piras de seu nome, achou isso mesmo. E a polícia achou... milhares de cartas por entregar desde Março, "escondidas" no seu carro, no seu jardim e na sua casa. A prisão pode ir até 10 anos. Mas ao menos fica livre dos caprichos metereológicos...

Porto no roteiro snob

O L'Express fez uma lista de coisas in, típicas de snob. Pelos vistos ter um estojo Dior para pasta de dentes é imprescindível (para quê não sei), viver numa casa desenhada por Brad Pitt é um must (mas ele é arquitecto?!), perfumar e vestir os cães com marcas consagradas é obrigatório (sem comentários...) e comprar sal de Caxemira a 100€/kg é fashion (será melhor para a tensão?!). O estranho é que inclui nesta lista uma visita à Casa da Música cá do Porto, supostamente "a sala de concertos onde a Europa musical vai reencontrar-se". Ouvir o quê, pelos vistos, não é importante, é preciso é vir cá. Está bem.

Esta notícia vinha no Expresso de sábado passado.

14.8.05

A sociedade aberta e os seus (novos) inimigos

A batalha pelas mentes dos jovens muçulmanos trava-se hoje mais on-line que nas mesquitas ou madrassas. O ciberespaço oferece aos grupos radicais o solo perfeito para doutrinar ou recrutar e a quem o procure toda a informação para planear ou executar qualquer tipo de ataques.
De uma organização com hierarquia e campos de treino, a Al-Qaeda passou a ser descrita nos últimos anos mais como uma marca ou um rótulo que serve a diferentes tipos de grupos um pouco por todo o mundo. É "uma ideia, não uma organização", repetiu num texto esta semana Jason Burke, repórter do jornal The Observer e autor de "Al-Qaeda: A História do Islamismo Radical". O que cada vez mais analistas repetem agora é que "a base" (em árabe, Al-Qaeda) passou dos espaços físicos que ocupava para o ciberespaço. [...]
Manuais sobre explosivos, mercados onde os comprar, estratégias, propaganda, tudo cabe na Internet, a rede capaz de ligar todos em todo o lado. Metaforicamente, lembra [Gilles] Kepel, "a base" significa algo próximo da base de dados ou repositório - uma ideia simples que levou ao lançamento de milhares de sites.
in Público, 14.08.2005

Caramba!...

Sobre a bomba de Hiroshima (e a de Nagasaki) tentei explicar a Miguel Portas três coisas: não percebeu nenhuma. Antes de mais nada, tentei explicar que o uso do terrorismo, nomeadamente por bombardeamento aéreo, era sem excepção aceite pelos beligerantes. [...] A segunda coisa que tentei explicar a Miguel Portas foi a necessidade das bombas de Hiroshima e de Nagasaki. [...] A terceira coisa que tentei explicar a Miguel Portas foi que Hiroshima e Nagasaki não "lançaram o mundo na era do armamento nuclear". [...] Posto isto, convém prevenir que não tenciono voltar a falar com Miguel Portas. Não lhe reconheço nem inteligência, nem competência, nem honestidade.
Vasco Pulido Valente, in Público, 14.08.2005

11.8.05

Por tabela...

A PSP de Guimarães foi chamada a uma casa por causa de uma rixa entre pai e filho, envolvendo o disparo de uma arma. Quando lá chegou, o tal filho atirou a arma para o quintal do vizinho. Quando a PSP foi procurar a arma nesse quintal encontrou 57 pés de marijuana mais 1kg e 420 gramas já em secagem. Resultado: o filho e o vizinho foram detidos...

10.8.05

Phishing, não fishing


Novo dicionário Oxford traz novas expressões tiradas das ruas, da internet e da música. Faça o teste e confira se você conhece algumas delas clicando aqui.

9.8.05

A comunicação social - parte "n"

Já começo a ser repetitivo nos ataques à nossa comunicação social. Mas, se não a deixo em paz, é porque ela não me deixa a mim em paz. Como gosto de estar minimamente informado, lá a vou consultando. Só que, volta e meia, dá-me a volta ao estômago!

No Público Online, hoje (para ler na íntegra, clicar aqui).
Título: Carrilho critica eventual candidatura presidencial de Mário Soares
Antetítulo: Candidato a Lisboa preferia Manuel Alegre
Subtítulo: Manuel Maria Carrilho defende que a eventual candidatura presidencial de Mário Soares "é um mau sinal do sistema político português".

Nem parecia necessário ler mais. Mas por acaso prossegui. Segundo o que aí está escrito, o Público segue uma informação publicada pelo Diário de Notícias. E dá mais pormenores sobre a posição de Carrilho nos dois parágrafos seguintes. Quem terminar a leitura por aí, fica totalmente convencido que o marido de Bárbara Guimarães (por quem, como vêem, não tenho grande simpatia) está contra a candidatura de Soares a PR. Quem ler apenas os títulos também.

No entanto, a notícia no Público online termina da seguinte e espantosa forma: "Hoje, Manuel Maria Carrilho veio desmentir esta notícia do "Diário de Notícias", que o jornal apresenta como se tratando de afirmações de Manuel Maria Carrilho a um jornalista do matutino. Em comunicado, a candidatura de Carrilho diz que a notícia é falsa, especulativa e sem fundamento e lembra que a posição do candidato foi já expressa em outros órgãos de comunicação social, nos quais deixou claro que se Soares avançar terá o seu apoio e o de todo o partido." (negrito meu, claro!)

Ou seja, quando a notícia (?!) é posta online, já o Público conhece o desmentido. Como justificar então os títulos? Como justificar a estrutura da notícia? Como justificar que até ao fim da notícia não seja referido que a sua veracidade foi contestada pelo visado? Como não contactar directamente o visado, antes de publicar a notícia (?!?!) para saber o que realmente se passou?

Ou, dito de outra forma: como não pensar que as perguntas acima têm apenas uma resposta - a de que assim o título é mais apelativo, a notícia é mais sumarenta, o interesse é maior. Inversamente proporcional ao rigor, à ética, à decência. Pormenores, digo eu.

Bomba cerebral

Uma rapariga de 19 anos estava atrasada para um voo. Vai daí, telefona à amiga que já estava no aeroporto e diz-lhe: liga de um telefone público para a polícia a dizer que há uma bomba a bordo. E a amiga faz isso mesmo. Só que pôs a denúncia na boca da adolescente atrasada (temporal e cerebralmente). Assim: uma amiga minha que deveria apanhar o voo das oito e dez ligou-me a dizer que havia uma bomba a bordo. Claro que não fazia sentido. E a polícia terá começado a fazer perguntas. Resultado: julgamento por simulação de crime. No Reino Unido pode haver adolescentes idiotas mas, em compensação, há uma polícia eficiente.

Infelizmente não encontrei nenhum link para esta notícia (tirei-a do Canto Direito de J. P. Coutinho, no último Expresso). Se encontrar, ponho-o logo aqui.

8.8.05

Pobreza zero!


Todos os dias, 30.000 crianças morrem por culpa da extrema pobreza. Há agora um movimento internacional para tentar pôr um fim à situação. E ajudar a mudar o mundo. Vejam os seguintes sites:

Make Poverty History
White Band
Pobreza Zero

E não se esqueçam de comprar a pulseira branca!

Feitiçarias


Nada como uma boa feiticeira pra animar...
(private joke ;)

5.8.05

Anda aí a circular por sms...

Animado pelo anúncio da recandidatura de Mário Soares à Presidência da República, Eusébio já confirmou o seu regresso à Selecção.

Nota da redacção: não concordo com o argumento da idade (há argumentos políticos suficientes contra a candidatura de Soares, não é preciso ir buscar a idade), mas achei piada à mensagem acima.

2.8.05

Dito e (não) feito

Lembram-se da primeira medida anunciada pelo governo Sócrates? Medicamentos de venda livre nos supermercados e afins. Depois veio a pressão do lóbi farmacêutico. O que aconteceu entretanto? Nada. Ou tudo. Tudo o que não queríamos.

Soares não é fixe

Soares é o tipo de político que neste momento menos precisamos. É um excelente combatente político, capaz de mover montanhas pelos objectivos em que acredita (o que foi importantíssimo para o combate ao PCP e restante extrema-esquerda em 1974/75, bem como para o declínio de Cavaco Silva em 1994/95). É um excelente relações públicas, gerindo muito bem a sua rede de amigos artistas, cronistas, opinion makers, etc. É um excelente manobrador de bastidores. É um político das fugas cirúrgicas à imprensa, da intriga, do boato, da armadilha, da cilada.

O problema é o resto. Não é um político de estudo de dossiers, de análises aprofundadas, de estratégias de desenvolvimento, de gestão do país. É um político de bastidores, não de gabinete. É um político de partido, não de governo. Como ficou comprovado quando foi Presidente e, sobretudo, quando foi Primeiro-Ministro.

Ora, nós precisamos do oposto. De uma garantia de acompanhamento exaustivo e pertinente (pertinente, repito!) da acção governativa. De um Presidente da República atento às políticas e não às politiquices. De um referencial de estabilidade. De Cavaco Silva.

Citação

"Mário Lino não pode exigir provas de sustentabilidade financeira ao metro do Porto e remeter para o domínio da fé e do palpite a viabilidade da Ota ou do TGV."
Manuel Carvalho, Público, 02-08-2005

29.7.05

Ota & TGV

"Não sei como os suecos, os noruegueses e os dinamarqueses podem viver sem TGV e a Finlândia sobrevive a essa humilhação... Ignoro como a Irlanda se converteu no exemplo do progresso europeu sem um super-aeroporto nem um comboio ultra-rápido. (...)
Com obras permanentes nas auto-estradas, comboizinhos eléctricos vazios, para cima e para baixo, e estádios vazios para quem quiser brincar, Portugal vai ser um sonho!"
Joaquim Letria, 24 Horas, 28-07-05

O nosso cérebro (ler rápido)

De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol, que vcoê anida pdoe ler sem pobrlmea. Isto é poqrue nós não lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.
Fátastcnio!

25.7.05

Soares

Tive um fim-de-semana agitado e, portanto, distante dos noticiários. Eis que chego à noite de Domingo e um amigo me diz que o candidato socialista às presidenciais sempre era Mário Soares. Brincalhão, julguei eu. Afinal o brincalhão não era o meu amigo, mas Sócrates. E Soares. O pior é que a brincadeira já não é só comigo, mas com todos os portugueses. Hoje não tenho tempo, mas em breve volto ao tema. Mi aguárdji!

Freitas e a candidatura de Cavaco

Apoiante, abstencionista, adversário...

Nos últimos oito meses, Freitas do Amaral passou de apoiante de Cavaco Silva a abstencionista e, agora, adversário duma eventual candidatura presidencial.

Na sua primeira entrevista como ministro deste Governo, a 2 de Junho, na RTP, Freitas do Amaral foi confrontado por Judite de Sousa com as declarações que tinha feito em Outubro de 2004. Nessa altura, o professor de Direito havia considerado "bastante possível que apoiasse Cavaco" nas presidenciais. Passados oito meses, Freitas explicou na RTP que a sua posição já não era a mesma e preanunciou a sua abstenção nas eleições presidenciais "Nessa altura era a resposta que correspondia ao meu pensamento. Fazendo eu [agora] parte de um Governo socialista, se o prof. Cavaco Silva for o candidato da direita e o PS tiver um candidato adversário, eu não posso apoiar Cavaco Silva contra o candidato do PS. Por uma questão de gratidão ao prof. Cavaco Silva, que fez de mim presidente da Assembleia Geral da ONU, não posso apoiar um candidato do PS contra Cavaco Silva. Assim, a posição mais natural é abster-me."

Na entrevista que ontem o DN publicou, Freitas volta a mudar de posição, afirmando-se agora como feroz opositor de Cavaco, a quem se refere como "candidato a salvador da pátria" que está a transformar as eleições num "plebiscito unanimista". É a evolução mais recente numa relação que já teve momentos de grande entusiasmo.

A 13 de Julho de 2001, numa carta enviada ao DN, Freitas não escondia o seu alinhamento com o ex-primeiro-ministro "Desde já declaro que, se [Cavaco Silva] decidir ser candidato presidencial em 2006, não só não concorrerei contra ele, como terei todo o gosto em o apoiar." in Diário de Notícias, 21.07.2005

Portugal Titânico


Portugal parece o Titanic.
O TGV e a Ota são a orquestra a tocar enquanto o navio se afunda...

13.7.05

We're not afraid!


O site We're not afraid foi criado no dia dos atentados de Londres. Pretendia mostrar que os habitantes da capital britânica não se deixariam intimidar pelos ataques terroristas. Mas rapidamente se tornou um local de tributos vindos de todo o mundo à atitude de desafio dos londrinos. Visitem o site aqui.
A imagem acima foi deixada por uma portuguesa.

12.7.05

Circuito da Boavista - Paddock Técnico




Um amigo arranjou-me um passe para o paddock técnico (grazie!). Cá ficam algumas fotos das máquinas, para mais tarde recordar. Ao paddock social não fui, eu é mais bolos...

Até daqui a dois anos!








11.7.05

Ditadura mediática



A grande ameaça à Democracia não vem da Extrema-Esquerda nem da Extrema-Direita. Não vem muito menos do terrorismo. Com esses podemos nós bem. A grande ameaça vem dos órgãos de comunicação social.

Arrastão de Carcavelos, lembram-se? Não acharam um pouco estranho? Então vejam a investigação de Diana Andringa sobre isso.

9.7.05

E agora para algo completamente diferente...

«List five songs that you are currently digging. It doesn't matter what genre they are from, whether they have words or even if they're any good but they must be songs you're really enjoying right now. Post these instructions, the artist and the song in your blog along with your five songs. Then tag five other people to see what they're listening to.»

Mas quem é que começou com esta corrente?!?! Tiveram sorte que não tinha ameaças do género "se não responder em 3 dias a música pimba vai internacionalizar-se", se não nem respondia. Mas como a corrente veio da Zona Franca da blogosfera, ok.

Bom, se calhar era suposto serem cinco músicas actuais, mas eu juntei alguns "jurássicos" que me soam sempre bem.

1. Maria Albertina, Humanos/A. Variações
2. Heroes, David Bowie
3. Simpathy for the devil, Rolling Stones
4. Shiver, N. Imbruglia
5. City of blinding lights, U2

Shahara

Shahara Akther Islam era uma alegre rapariga de 20 anos, muçulmana devota, com toda a vida pela sua frente.

Na 5ª feira tinha uma consulta no dentista antes de ir para o emprego no Co-operative Bank. Por isso despediu-se do irmão mais novo na casa deles em Plainstow, a leste de Londres, e partiu de metro. Era um dia como tantos outros. Nunca chegou ao seu destino.

Os terroristas não são muçulmanos, são simplesmente assassinos.

Para ver a notícia completa (em inglês, no Independent), clique aqui.

8.7.05

Londres III - Blair

"It is important, however, that those engaged in terrorism realise that our determination to defend our values and our way of life is greater than their determination to cause death and destruction to innocent people in a desire impose extremism on the world. Whatever they do, it is our determination that they will never succeed in destroying what we hold dear in this country and in other civilised nations throughout the world." Primeira reacção de Blair, ainda em Gleneagles, na cimeira do G8

"When they try to intimidate us, we will not be intimidated. When they seek to change our country or our way of life by these methods, we will not be changed.
[...]
We know that these people act in the name of Islam but we also know that the vast and overwhelming majority of Muslims here and abroad are decent and law-abiding people who abhor those who do this every bit as much as we do." Declaração de Blair, já em Londres

Londres II

"They will not change our way of life." Rainha Isabel II

"Atrocities such as these simply reinforce our sense of community, our humanity, our trust in the rule of law. That is the clear message from us all." Rainha Isabel II

"You cannot give in to this kind of thing. I think they're mistaken if they ever think that people would. Life will carry on." Thomas Carr, londrino, quando estava à espera de apanhar o metro, no dia seguinte aos ataques

"The City will be up and running again. These people won't have any effect." William Austin, trabalhador na City

Londres I


Medo. Confusão. Desorientação. Revolta. Regresso. Não necessariamente por esta ordem. Mas Londres vai regressar.

Al-Qaeda

Para a Al-Qaeda, só existe um código de vida. O cumprimento escrupuloso, frase-a-frase, palavra-a-palavra, do Corão. O texto fundamental dos muçulmanos não pode ser interpretado de outra forma que não a literal. Não pode ser interpretado à luz da época porque Maomé não se engana e, portanto, as suas palavras não foram produto do tempo mas guião para todo o sempre. Não pode ser interpretado à luz de uma Cultura porque Maomé não se engana e, portanto, as suas palavras não foram produto de uma Cultura mas da vontade divina. Não há interpretações, actualizações, compromissos, margens, avanços. O Corão é a verdade e o caminho. A única verdade e o único caminho. Por isso a Al-Qaeda só admite um tipo de sociedade, a sociedade taliban.

Consequentemente, para a Al-Qaeda só existem dois tipos de pessoas: fiéis e infiéis. Os fiéis devem seguir à risca os mandamentos do Profeta. Os infiéis, de qualquer forma ou feitio, não merecem qualquer respeito ou contemplação. Só lhes resta converterem-se. Enquanto não o fizerem, a sua vida não vale nada. Não interessa se são militares ou civis, governantes ou governados, crianças ou velhos. A sua vida não vale nada.

Isto é demasiado estranho para nós, ocidentais, para quem os direitos humanos fundamentais (e o direito à vida bem lá no cimo) se sobrepõem a convicções políticas, religiosas ou quaisquer outras. Porque para nós a condição humana sobrepõe-se à opção humana, seja ela opção religiosa, política ou outra.

Mas não para a Al-Qaeda. A opção religiosa não é na verdade uma opção, mas a única realidade possível. Não há alternativa. Portanto, há que combater os infiéis, as suas ideias, o seu modelo de sociedade. E convém lembrar que o seu combate não é só com os infiéis. É também com os muçulmanos que não seguem à risca o Corão, que não defendem uma sociedade taliban. Portanto, a Al-Qaeda não descansará enquanto todas as sociedades do mundo não forem sociedades taliban.

Como é óbvio, a Al-Qaeda nunca vencerá. Nem no mundo islâmico, nem no resto do mundo. O ser humano nunca aceitará um modelo único de sociedade. Cada vez suspeitamos mais de verdades absolutas. Identificamos constantemente as vantagens da diversidade. Se a Al-Qaeda representa algo em termos civilizacionais, é o passado. Que queremos bem longínquo.

Portanto, não temos alternativa. Temos que combater o totalitarismo islâmico (sim, porque se trata de um totalitarismo, como o fascismo ou o comunismo). Em todas as frentes. Na militar, claro. Mas sobretudo na ideológica. Teremos mais sucesso a combater a Al-Qaeda nas mesquitas por esse mundo fora do que em qualquer campo militar. Temos que apoiar, animar e fomentar os islamistas moderados, que aceitam a diferença, que valorizam a paz, que respeitam a vida. Para que a vida vença.

6.7.05

Os doutores palhaços

Há um ano que as terças-feiras no serviço de Pediatria do Instituto de Oncologia do Porto (IPO) causam alguma agitação. É o dia da dupla de palhaços profissionais da "Operação Nariz Vermelho" levar alegria ao 12º andar, tornar diferente o ambiente nas 27 enfermarias e procurar que a palavra "esperança" venha à mente.

Veja a notícia completa aqui.

Regresso às origens

A pedido de várias famílias, este blog volta à sua imagem inicial.

1.7.05

É, mudei o visual...

... mas tenho a impressão que vou voltar a mudar!

HOJE, 17h30, mantém-se a esperança na Invicta

Rui Rio apresenta hoje, às 17h30, a sua recandidatura à Câmara Municipal do Porto.

Os portuenses só têm de agradecer terem um presidente centrado na recuperação dos bairros sociais e na recuperação da Baixa. Um presidente preocupado com as pessoas e não com o espectáculo. Um presidente que luta pelo bem geral, imune às pressões de lóbis e interesses particulares. Um presidente que não se rege pelos jornais, que não muda de caminho pela pressão da opinião pública ou publicada. Um presidente que saneia as contas da Câmara em período recessivo da economia (comparem com as outras Câmaras, de qualquer partido!).

Um presidente que é um político na acepção mais nobre da palavra: determinado na prossecução do bem comum, imune à pressão anti-democrática mas ruidosa que lhe tem sido movida.

Um presidente que é preciso reeleger.

Direitos adquiridos (Miguel Sousa Tavares)

"A primeira designação que se deu aos célebres "direitos adquiridos" foi a de "conquistas da Revolução". Em seu nome, o PCP, a CGTP e a extrema-esquerda batalharam durante anos para que na Constituição e nas leis se mantivesse inalterável o processo de ruína económica do país iniciado em 11 de Março de 1975, com as expropriações e nacionalizações de tudo o que era actividade económica privada[...]. Limpa a Constituição de alguma da sua baba ideológica, retomado algum bom senso na gestão económica do país, as "conquistas da Revolução" recolheram ao museu leninista de onde tinham sido episodicamente ressuscitadas e foram substituídas, no léxico reivindicativo corrente, pelos "direitos adquiridos". Por "adquirido" entende-se, basicamente, tudo aquilo que foi sacado ao Estado: regalias, estatutos, dinheiro, licenças, subsídios, autorizações. Não abrange apenas situações dos trabalhadores ou pensionistas públicos, mas de toda a gente que, num momento ou noutro, teve a oportunidade de pedir e obter qualquer coisa do Estado. [...] Uma vez estabelecido o "adquirido", ele passa a ter a qualificação de "direito". [...]

Pode um desses "direitos adquiridos" não ter a mais pequena justificação social ou política, pode resultar de simples favor ou privilégio estabelecido momentaneamente ou à socapa. Não interessa: uma vez concedido, para sempre garantido. [...]

As centrais sindicais - a CGTP por convicção e estratégia, a UGT pelo eterno medo de ficar atrás - andam entusiasmadas com tanta contestação. Vão ensaiando greves e manifestações, até ao ensaio geral da greve da função pública, para daí passarem a essa coisa sagrada e mítica que é a greve geral nacional. Eu, no lugar dos seus dirigentes, teria mais cautelas: como revelou a sondagem do PÚBLICO, segunda-feira passada, está já estabelecida uma clivagem clara, a nível de opinião, entre os funcionários públicos e os restantes trabalhadores. E estes, que estão expostos aos despedimentos e encerramento de empresas, a salários que não são aumentados ano após ano, a horários semanais de 45 ou 50 horas, que não têm direito a baixas prolongadas e constantes, nem a férias de seis ou oito semanas anuais, nem a licenças sem vencimento quando querem, nem a reformas antecipadas, começam a questionar-se sobre os privilégios de que uns gozam e outros não. Daí até perceberem que quem paga esses privilégios, além do mais, são eles, vai um pequeno e perigosíssimo passo."
Miguel Sousa Tavares, in Público de hoje (disponível online só para assinantes); selecção e negrito meus.

28.6.05

Citações

Descubra as diferenças
"Eu sou um neopolítico, um político não-tradicional." Carmona Rodrigues
"Eu sou a nova política. Digo o que penso e faço o que digo." Manuel Maria Carrilho

Descobri que sou subversivo!
"Se estivesse no poder repatriava todos os imigrantes, instituía a pena de morte para os traficantes de droga, mantinha a lei contra o aborto, incentivava a natalidade, a educação e a saúde eram gratuitas e tornava ilegais grupos subversivos como a Maçonaria, PCP, PS, PSD, BE, SOS Racismo, Opus Dei, Ilga e Opus Gay." Mário Machado, líder skinhead que integrou a manifestação em Lisboa contra a criminalidade

Serão parecidas?
"Carmonettes." Carmona Rodrigues, em resposta à pergunta sobre o que lhe sugeria a palavra Santanettes

Cunhal

Deixei passar propositadamente algum tempo da morte de Álvaro Cunhal para escrever mais "a frio" sobre a mesma. Foi muito elogiado, por ser corajoso, coerente e sei lá que mais.

Eu concordo com a parte da coragem. Não devia ser nada fácil combater na clandestinidade a ditadura de Salazar e Caetano. Quem passou pelas prisões e, mais ainda, pela tortura do regime do Estado Novo, deve merecer o nosso reconhecimento. Era certamente preciso muita resistência, coragem e idealismo.

Mas não posso esquecer que o regime que Cunhal pretendia para Portugal era uma ditadura de tipo estalinista.

O Expresso recuperou, na sua última edição, uma entrevista dada por Cunhal à revista italiana "Europeo" no Verão Quente de 1975. Para Cunhal, as eleições que tinham havido para a Assembleia Constituinte "não têm qualquer importância, nenhuma mesmo". Assegurou que "em Portugal não haverá Parlamento". E rematou dizendo que "não existe hoje em Portugal a menor possibilidade de uma democracia como as da Europa Ocidental".

Portanto, honra ao seu passado de combatente antifascista. Mas não nos esqueçamos do que seria Portugal se Cunhal tivesse chegado ao poder. Nunca.

Honestidade e Humanismo


Na Câmara do Alandroal, o PCP retirou a confiança política ao Vereador Joaquim da Silva Fortes porque este aceitou integrar em regime de permanência um lugar no executivo socialista daquele município. E porque é que ele aceitou isso, a tão poucos meses das eleições? Porque assim consegue completar o pouco tempo que lhe falta para ter direito a uma reforma como autarca. Como disse o presidente da Câmara, o socialista João Nabais, "foi uma questão de humanismo, permitindo que [...] venha a reformar-se com dignidade".

Se para os socialistas isto é humanismo, o Eng. Guterres foi muito bem escolhido para Alto-Comissário para os Refugiados...

22.6.05