26.10.05

Mau gosto


O artigo que Joana Amaral Dias, esse personagem da esquerda-chic bloquista e mandatária para a juventude de Mário Soares, no DN de ontem, é de muito mau gosto. Não pelo ataque infantil a Cavaco, mas por gozar em tom trauliteiro e básico com um assunto bem sério (e esperemos que não fique mais sério) - o vírus h5n1.

24.10.05

Sá Carneiro II

Há já vários meses que o jornalista Adelino Gomes tem publicado no Público excertos retirados da imprensa durante o Verão Quente de 1975. Vale a pena ir lendo esses excertos, para perceber melhor o que foi o PREC (Processo Revolucionário em Curso) e como nos safámos de uma ditadura de extrema-esquerda.

Do texto de hoje retirei o seguinte excerto: "Sá Carneiro, por seu lado, faz publicar no Diário Popular a sua tréplica à réplica do almirante Rosa Coutinho, no mesmo jornal, há dois dias. "Entre mim e o sr. almirante nada há de comum. (...) Até porque o sr. almirante está, declarada e intencionalmente, com as minorias; e nós, democraticamente, com a esmagadora maioria dos portugueses, contra a destruição do País", escreve, num texto de combate."

Contra a destruição do país...

21.10.05

Vergonha

Fui hoje ao site www.publico.clix.pt. Tendo ouvido ontem a declaração de candidatura de Cavaco Silva à Presidência da República, fiquei estupefacto por ver o título: "Cavaco Silva não prescinde do poder de dissolução" que, verifiquei depois, surge também como subtítulo na capa da edição impressa.
O título desta notícia é uma vergonha para um jornal como o Público. Desvirtua completamente o sentido das declarações de Cavaco Silva, que deixou bem claro ser a favor da estabilidade. Aliás, a questão não é se prescinde ou não. É um poder conferido pela Constituição, ponto final. Não teria qualquer sentido precindir deste ou de qualquer outro poder.
Mas o fundamental é que toda a gente percebeu que Cavaco não dissolverá a Assembleia caso ganhe as eleições. Deixou bem claro que é a favor da estabilidade, que Portugal precisa de estabilidade e que só admite a dissolução em circunstâncias muito, muito excepcionais (tudo citações das declarações de ontem). Seja por incompetência ou má-fé, isto é certamente jornalismo-lixo.

Faz pensar...

Quem é diferente, quem é?

19.10.05

Sá Carneiro I

Recentemente ofereceram-me o livro que reúne as intervenções de Sá Carneiro no Parlamento português, quer na Assembleia Nacional (Dezembro 1969 a Janeiro 1973), quer na Assembleia da República (1976-1980) - Sá Carneiro, Intervenções Parlamentares. Lisboa: Assembleia da República, 2000.

Muitas das intervenções estão directamente ligadas a questões da época, mas há alguns discursos intemporais. Dois deles, datados de 16 e 23 de Junho de 1971, são particularmente interessantes. São relativos à revisão da Constituição do Estado Novo, que então se preparava. Para além do projecto "oficial" de revisão, que pretendia mudar algo para não mudar nada, Sá Carneiro e outros deputados da chamada "Ala Liberal" apresentam um projecto próprio.

A propósito dessa matéria, Sá Carneiro aproveita para fazer uma exposição da sua visão acerca da problemática das relações pessoa-sociedade e da limitação dos poderes do Estado pelos direitos da pessoa.

E tanto ataca o Estado totalitário em que se vivia, como o Estado social excessivamente interventor, como a sociedade tecnocrática para a qual se caminhava e em que hoje vivemos plenamente.

Vale a pena ler a sua visão dos erros da nossa sociedade e do caminho a seguir - o respeito integral dos direitos da pessoa humana e, em particular, da sua liberdade (ver uma selecção minha deste discurso aqui).

18.10.05

Medidas do Bloco de Esquerda para acabar com os incendiários :)

1 - Despenalização imediata dos incêndios.

2 - Tendo em conta que os incendiários são doentes e socialmente marginalizados, devem ser tratados como tal: é preciso criar zonas específicas para poderem incendiar à vontade. Nas "Casas de Incêndio" serão fornecidos fósforos, isqueiros e alguma mata. Sob a supervisão do pessoal habilitado, poderão lutar contra esse flagelo autodestrutivo.

3 - Fazer uma terapia baseada nos Doze Passos, em que o doente possa evoluír do incêndio florestal à sardinhada. O pirómano irá deixando progressivamente o vício: da floresta à mata, da mata ao arbusto, do arbusto à fogueira, da fogueira à lareira, da lareira ao barbecue até finalmente chegar à sardinhada do Santo António e São João.

4 - Quando o pirómano se sentir feliz a acender a vela perfumada em casa, ser-lhe-á dada alta, iniciará a sua reintegração social e perderá o seu subsídio de incendiário.

Campanhas memoráveis... PS

Valverde - cidadões, já podeis assar!

Mafra - no comments...

Campanhas memoráveis... PSD

Vila Verde - debaixo dos vossos tectos = visitas ao domicílio??

16.10.05

Campanhas memoráveis... a continuar! E ainda, António Barreto

Abaixo estão alguns cartazes memoráveis desta última campanha eleitoral, enviados pela Zona Franca. Não, não me esqueci do PS e do PSD, não tewnho é tempo de colocar hoje porque o sistema está muito lento e a minha vida não é isto...

Entretanto, cá fica um excerto do artigo de hoje de António Barreto no Público (disponível online apenas para assinantes):

"[...] A acumulação primitiva, a corrupção, boa parte do capitalismo português e a demagogia eleitoral vivem da obra. Da construção. E daquilo a que se chama o urbanismo. Neste domínio, a falta de autoridade, de decência e de legalidade, em grande parte efeito da acção das autarquias, surgiu aos nossos olhos como nunca antes. Mas não tenhamos dúvidas: o exemplo também vem de cima. Talvez com mais legalidade aparente, os governos da República e das regiões têm tido uma actuação pedagógica eficaz. O modo como tratam das grandes obras, como encaram as últimas privatizações dos "bocados mais apetecidos" e como legitimaram o nepotismo nas nomeações da Administração Pública constitui um modelo e um padrão de comportamento para o poder local.

É verdade que assistimos também a alguma disputa entre as direcções centrais dos partidos e os seus órgãos locais, os seus candidatos e as suas vedetas populares. Pode parecer que a virtude mora na capital, no centro, e o pecado reside na província, na periferia. Mas é bom não termos ilusões. Na verdade, está aberta, há algum tempo, dentro dos partidos, uma competição real pelo poder efectivo. O poder local tinha assegurado, ao longo de duas décadas, uma posição invejável. Perante a crescente inoperância dos partidos no centro, era aquele que fabricava líderes, arrumava listas para os órgãos nacionais, impunha políticas e organizava a socialização política das juventudes e dos futuros militantes. Até que as direcções nacionais perceberam que estavam prisioneiras. E contra-atacaram. Começaram, previsivelmente, pela duração dos mandatos. Passaram pelas nomeações de dirigentes da Administração Pública. Continuaram com as designações de candidatos. Vão prosseguir com os orçamentos. E, talvez, quem sabe, com uma nova estratégia para as polícias, a Procuradoria e os tribunais. Os resultados deste confronto são incertos. [...]"

Campanhas memoráveis... CDS-PP

Porto de Mós - mas há gangs em Porto de Mós?! Ou é para acabar com a Oposição?


Moncorvo - mas pode o quê?


Moncorvo - evoluir é engordar?


Chaves - cliquem na imagem para aumentar; vale a pena...


Chaves - idem!

Campanhas memoráveis... CDU

S. Brás de Alportel - reparem no slogan de baixo!

Campanhas memoráveis... Bloco

Trafaria - conselho: nunca tirar foto para cartaz em dia de ressaca...


Estremoz - a qualidade gráfica; a originalidade; o teaser do nome sem foto...


Estremoz - quantas horas de trabalho neste cartaz...

11.10.05

Fascista?

Cerca de 50 mil portuenses (20% da população) vivem em bairros sociais municipais, o que faz da Câmara do Porto o maior senhorio da Europa! Durante 12 anos de gestão Gomes/Cardoso, esses bairros foram degradando-se continuamente, estando em 2001 a precisar de obras profundíssimas. Para além do péssimo estado de conservação, encontravam-se completamente isolados da cidade, já que não havia ruas a "rasgar" os bairros que os condutores ou os peões usassem para ir de um ponto A a um ponto B da cidade. Os habitantes dos bairros faziam quase toda a sua vida exclusivamente nos bairros, indo tomar café à colectividade do bairro, fazendo as compras numa qualquer merceariazinha no bairro, etc. Havia (provavelmente ainda há, mas menos) crianças que nunca tinham visto o rio ou o mar. Eram autênticos guetos, com elevada criminalidade, baixa auto-estima e estigmatização dos habitantes.

Quando se candidatou à Câmara em 2001, inicialmente Rui Rio elegeu como prioridade para o seu mandato a recuperação da Baixa. Quando a campanha começou, rapidamente percebeu que a prioridade número um tinha de ser a coesão social e, em especial, a habitação social. Ao longo destes 4 anos, o orçamento da Câmara para os bairros mais que duplicou. E teria subido ainda mais, não fosse a deplorável situação financeira que o PS deixou.

Qual a estratégia? Começou por recuperar habitações devolutas. Depois, realojou pessoas que já viviam nos bairros, noutras habitações degradadas, nessas habitações reabilitadas, para depois recuperar as habitações de onde saíam. E assim sucessivamente, num trabalho que ainda dura e durará muitos anos. Só não realojava pessoas numa de três situações: pessoas que tivessem outra residência em seu nome (que, portanto, não precisavam de habitação municipal), pessoas que estivessem a ocupar ilegalmente uma habitação (que não tinham título da Câmara a conferir-lhes direito a essa habitação) e pessoas que demonstradamente utilizassem a habitação para actividades ilícitas (como tráfico de droga e/ou de armas).

Estas regras de alojamento levaram a oposição a chamá-lo de fascista e outras coisas do género.

Mas os resultados estão à vista: nas freguesias com mais bairros, Rui Rio subiu muito na votação. Em Lordelo do Ouro, freguesia com 50% (!!) da população a viver em bairros municipais, Rui Rio teve maioria absoluta. Em Aldoar (lembram-se dos famosos incidentes?), ganhou as eleições para a Câmara apesar de ter perdido as eleições para a Junta (para ver os resultados clicar aqui, escolher Distrito "Porto", concelho "Porto" e Freguesia "Aldoar", em seguida na linha "Comparativos" clicar "Câmara Municipal" para ver os resultados para a Câmara e clicar "Ass. de Freguesia" para ver os resultados para a Freguesia - não, não há links mais directos), o que mostra bem que as pessoas distinguiram uma e outra eleição e, no caso de Rui Rio, deram-lhe o seu apoio maioritário!

É por isso que eu digo aos meus amigos de Esquerda que Rui Rio tem mais sensibilidade social que todos os socialistas juntos e que fez mais em 4 anos pela coesão social da cidade do que o PS em 12 anos!

Para mais tarde recordar


Sexta-feira, 7 de Outubro de 2005. Último dia de campanha eleitoral. Caravana da coligação PSD/CDS junta várias centenas de carros junto na praça do Castelo do Queijo. Quando arrancou, a caravana estendeu-se do Castelo do Queijo à praia da Luz! A mostrar o caminho, um autocarro de 2 andares. No andar de cima (a descoberto), Rui Rio segue à frente (foto) e vai acenando às pessoas pelas ruas da cidade. A música chama as pessoas à janela. A adesão é fantástica.

Todos nos interrogamos: como é que as sondagens dão uma aproximação de Francisco Assis? Como é que a sondagem da TVI, saída na véspera, dá a vitória ao PS? Eu não conseguia acreditar. Não apenas pela caravana, mas porque ao longo de toda a campanha eleitoral senti um apoio maioritário e vi muita gente a dizer-se de Esquerda mas a garantir que ia votar Rui Rio. Mas as sondagens... Afinal de contas nas Legislativas as sondagens até tinham acertado. Fiquei a achar que íamos ganhar, mas com maioria relativa.

Domingo, 9 de Outubro. Fiquei numa mesa de voto (das 7 da manhã às 21h!!) e, um bocadinho antes das 19h, liguei o rádio do telemóvel (com auricular, não fosse ainda aparecer algum eleitor tardio). Ouço na TSF: "faltam 15 segundos para as 19h... vamos divulgar as primeiras projecções já a seguir... Carmona e Rio vencem." Bom sinal! Toca a desligar o rádio e a contar os votos.

Cerca das 21 horas, fim da contagem dos votos na minha mesa. Vou entregar os resultados ao secretariado e pergunto pelo resto: na minha freguesia, vitória quase certa (embora ainda faltasse metade das mesas); na cidade, vitória de Rui Rio, podendo chegar à maioria absoluta!

Cerca das 22 horas, todas as mesas da minha freguesia estavam contadas. Ganhámos! Siga prá Baixa! Declaração de vitória de Rui Rio e mini-caravana, agora à volta da Câmara Municipal e da Trindade. Para além do autocarro (fotos abaixo)...


... também um camião tipo "trio eléctrico", onde seguiu Rui Rio a agradecer aos apoiantes.



Cerca das 23 horas, a notícia: maioria absoluta na Câmara e, provavelmente, também na Assembleia Municipal! Festa total!

8.10.05

Porque voto Rui Rio

1. Pela política de habitação - por ter acabado com as "ilhas" municipais, por ter acabado com os casos de hiperocupação de habitações sociais (9 ou 10 pessoas num T2, por ex.), por estar a recuperar os bairros sociais (cujo abandono pelo PS foi o maior crime do séc. XX no Porto).

2. Pelo projecto de recuperação da Baixa - já não é só recuperar 2 ou 3 casas para acalmar a consciência, este é um projecto com pernas para andar.

3. Pela definição de prioridades correctas - e não em função dos votos, do espectáculo, dos jornais ou dos lóbis.

4. Pelo saneamento financeiro da Câmara.

5. Como disse há uns meses, pela determinação na prossecução do bem comum, imune à pressão anti-democrática mas ruidosa que lhe tem sido movida.

6. Pela honestidade.

Muitos dizem mal da política e reclamam políticos diferentes. Amanhã é dia de passar das palavras aos actos.