28.9.05

Os votos de Alegre

Parece-me que Manuel Alegre vai colher votos sobretudo entre pessoas de Esquerda que estariam a pensar em abster-se, por não se reverem no candidato "oficial" do PS (ou, pelo menos, no PS oficial) nem na Esquerda mais radical.

Isto é, vai colher votos entre os socialistas desencantados com os socialistas no governo.

Greves

Como muito bem notou Mário Pinto num artigo do Público de anteontem, cada vez há mais greves na função pública (quando comparado com as do privado - sinais dos tempos), o que demonstra bem como tem vindo a crescer o número de pessoas que trabalha para o Estado. E essa é uma das causas do défice, embora não a única nem porventura a principal.

24.9.05

Soares animador de festas


Soares anunciou que se candidatava a Presidente para combater o desânimo dos portugueses. Eu não quero um Presidente que anime, se não votava num dos Gatos Fedorentos ou no vocalista dos Ena Pá 2000!!

Não há dúvidas que as próximas eleições presidenciais vão permitir aferir a saúde mental dos portugueses...

António Lobo Antunes

A não perder a edição (para breve) de cartas de António Lobo Antunes à sua mulher, quando estava ao serviço do exército português na guerra colonial. Provavelmente será uma óptima ajuda para melhor perceber a presença recorrente dessa guerra na sua obra.

Lobo Antunes é um dos escritores da minha adolescência e pós-adolescência, tanto nas obras de ficção como nas crónicas. Sempre teve uma visão ácida da nossa sociedade. Mas enquanto nas primeiras obras essa acidez se transformava em sarcasmo iconoclasta (imperdível a crónica sobre os portugueses da era cavaquista a descobrirem a maravilha dos passeios dominicais, em fato-de-treino verde e roxo, pelos shoppings que abriam como cogumelos), a partir dos anos 90 foi-se tornando numa acidez mais amargurada, sem esperança, deprimente. Para mim, começou a entrar nessa estrada após "A Ordem Natural das Coisas".

A ver vamos se volto a descobrir o prazer de o ler que tinha há uns anos.

Porque não? Porque não!!

Novo slogan nos cartazes de Rui Sá, candidato da CDU à Câmara Municipal do Porto: "Rui Sá, porque não?". Escuso-me de comentar a debilidade da mensagem (voto em Rui Sá como um mal menor ou um acto repentista), nem a pobreza gráfica do cartaz (velha tradição CDU, cujo fim só chegará com o fim da sua ortodoxia - isto é, nunca). Simplesmente respondo: porque não!!

Um Rio

Fui à ante-estreia do filme português "Um Rio", de José Carlos de Oliveira. É culturalmente incorrecto dizer mal de uma fita deste rectângulo à beira-mar plantado. No mínimo, somos incultos. No máximo, incapazes de perceber um filme 'de autor' (seja lá o que isso for), acéfalos reduzidos à compreensão dos filmes óbvios de Hollywood.

Pois bem, fui de mente aberta. O tema prometia: racismo, misticismo, tensão, numa história de paixão entre uma portuguesa e um moçambicano.

De tensão, zero: o momento que deveria ser de maior frisson (encontro da portuguesa com a família do moçambicano) esfuma-se em poucos segundos e rápidas falas, sem se vislumbrar na face dos actores o que deveria ser um turbilhão de sentimentos de surpresa, revolta, confronto (à excepção da matriarca moçambicana, que se revela uma actriz de talento).

O misticismo perde-se na linearidade das sequências, sem lhe ser dado o devido relevo.

E o racismo percebe-se, mas não se sente verdadeiramente.

Em termos de actores, nota média para a actriz principal; baixa para o actor principal (?!), Abstinêncio (fantástico nome); alta para o actor com o papel de fotógrafo e a actriz já referida, com o papel de matriarca.

Salvou-se na noite a prévia ante-estreia de uma curta-metragem de um aluno da UBi, "Rupofobia". Simples, humorística, incisiva. Isto é, o oposto do que se seguiu.

9.9.05

PobrezaZero



Segunda semana da Banda Branca - 9 a 16 de Setembro de 2005

Amanhã, dia 9, à meia-noite, 75 países vão despertar os seus governantes para a luta global contra a pobreza. Vamos acordar também o nosso Primeiro-Ministro. Vem à concentração junto ao Palácio de S. Bento, a partir das 23h00, e traz o teu despertador. Junta-te a nós e participa.

Desperta para a Luta Contra a Pobreza!
Adere à campanha em www.pobrezazero.org


7.9.05

Capitalismo divino

Era uma vez uma aldeia onde viviam dois homens que tinham o mesmo nome: Joaquim Gonçalves. Um era sacerdote e o outro, taxista. Quis o destino que morressem no mesmo dia. Quando chegaram ao céu, São Pedro esperava-os.
- O teu nome? - Joaquim Gonçalves.
- És o sacerdote?
- Não, o taxista.
São Pedro consulta as suas notas e diz:
- Bom, ganhaste o paraíso. Levas esta túnica com fios de ouro e este ceptro de platina com incrustações de rubis. Podes entrar.
Chega o outro Joaquim Gonçalves.
- O teu nome? - Joaquim Gonçalves.
- És o sacerdote?
- Sim, sou eu mesmo.
- Muito bem, meu filho, ganhaste o paraíso. Levas esta bata de linho e este ceptro de ferro.
O sacerdote diz:
- Desculpe, mas deve haver engano. Eu sou o Joaquim Gonçalves, o sacerdote!
- Sim, meu filho, ganhaste o paraíso. Levas esta bata de linho e...
- Não pode ser! Eu conheço aquele, Senhor. Era taxista, vivia na minha aldeia e era um desastre! Subia os passeios, batia com o carro todos os dias, conduzia pessimamente e assustava as pessoas. Nunca mudou, apesar das multas e repreensões policiais. E quanto a mim, passei 75 anos pregando todos os domingos na paróquia. Como é que ele recebe a túnica com fios de ouro e eu..isto?
- Não é nenhum engano - diz São Pedro. Aqui no céu, estamos a fazer uma gestão mais profissional, como a que vocês fazem lá na Terra.
- Não entendo!
- Eu explico. Agora orientamo-nos por objectivos. É assim: durante os últimos anos, cada vez que tu pregavas, as pessoas dormiam. E cada vez que ele que ele conduzia o táxi, as pessoas começavam a rezar. Resultados! Percebeste? Gestão por Objectivos!

Vamos pensar que os erros são de propósito...







I'm back! ;)