9.8.05

A comunicação social - parte "n"

Já começo a ser repetitivo nos ataques à nossa comunicação social. Mas, se não a deixo em paz, é porque ela não me deixa a mim em paz. Como gosto de estar minimamente informado, lá a vou consultando. Só que, volta e meia, dá-me a volta ao estômago!

No Público Online, hoje (para ler na íntegra, clicar aqui).
Título: Carrilho critica eventual candidatura presidencial de Mário Soares
Antetítulo: Candidato a Lisboa preferia Manuel Alegre
Subtítulo: Manuel Maria Carrilho defende que a eventual candidatura presidencial de Mário Soares "é um mau sinal do sistema político português".

Nem parecia necessário ler mais. Mas por acaso prossegui. Segundo o que aí está escrito, o Público segue uma informação publicada pelo Diário de Notícias. E dá mais pormenores sobre a posição de Carrilho nos dois parágrafos seguintes. Quem terminar a leitura por aí, fica totalmente convencido que o marido de Bárbara Guimarães (por quem, como vêem, não tenho grande simpatia) está contra a candidatura de Soares a PR. Quem ler apenas os títulos também.

No entanto, a notícia no Público online termina da seguinte e espantosa forma: "Hoje, Manuel Maria Carrilho veio desmentir esta notícia do "Diário de Notícias", que o jornal apresenta como se tratando de afirmações de Manuel Maria Carrilho a um jornalista do matutino. Em comunicado, a candidatura de Carrilho diz que a notícia é falsa, especulativa e sem fundamento e lembra que a posição do candidato foi já expressa em outros órgãos de comunicação social, nos quais deixou claro que se Soares avançar terá o seu apoio e o de todo o partido." (negrito meu, claro!)

Ou seja, quando a notícia (?!) é posta online, já o Público conhece o desmentido. Como justificar então os títulos? Como justificar a estrutura da notícia? Como justificar que até ao fim da notícia não seja referido que a sua veracidade foi contestada pelo visado? Como não contactar directamente o visado, antes de publicar a notícia (?!?!) para saber o que realmente se passou?

Ou, dito de outra forma: como não pensar que as perguntas acima têm apenas uma resposta - a de que assim o título é mais apelativo, a notícia é mais sumarenta, o interesse é maior. Inversamente proporcional ao rigor, à ética, à decência. Pormenores, digo eu.

3 comentários:

armando s. sousa disse...

O Senhor Guimarães tentou desmentir essa notícia do DN, mas o director re-afirmou que a notícia sobre o senhor Guimarães era totalmente verídica.
Um abraço.

bravo disse...

Acontece que a notícia do Público deveria ter sido construída de outra forma: deixando claro, desde o início, a diferença de versões entre o DN e M. M. Carrilho. Se há notícia, é essa. Ora, quem lê os títulos não fica com essa noção, a que MMC tem direito. E não custava nada contactar directamente MMC e recolher as suas declarações sobre o assunto. Veja-se o seguinte link:
http://dn.sapo.pt/2005/08/10/nacional/carrilho_corrige_carrilho.html
Abraço!

Anónimo disse...

Sensacionalismo e marketing que no fim deixarão mais meia dúzia de rumores e obscurantismo nos Portugueses.