José Sócrates esteve em Espanha e disse que as três prioridades da política externa portuguesa eram Espanha, Espanha e Espanha.
Espero bem que fosse uma tirada de Relações Públicas para espanhol ver. Não que Espanha não deva ser uma prioridade, sobretudo na diplomacia económica. É importante o apoio a empresas portuguesas que se queiram expandir no país vizinho.
Mas não é aí a mais-valia da nossa diplomacia. Temos tido nos últimos anos uma aposta nas relações privilegiadas com os países da África lusófona, com o Brasil e com o eixo Londres-Washington. Nos dois primeiros casos, somos uma excelente ponte entre a Europa e esses países. No Atlântico Norte, defendemos a nossa presença estratégica na região, vital quando temos uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas do Atlântico (graças aos Açores e à Madeira).
Para além dessas apostas, há ainda a Espanha e, claro, a Europa. Assim, num país que adora lamentar-se de si próprio, há que dizer que temos uma influência diplomática que mais nenhum país da nossa dimensão tem.
Estas orientações estratégicas do nosso país têm sido comuns aos governos social-democratas e socialistas. Esperemos que assim continue. Para não nos limitarmos à Europa. Nem, muito menos, à Península Ibérica.