Na parte I procurei falar um pouco dos antecedentes da criação do Estado de Israel. Não vale a pena descrever todo o conflito israelo-árabe a partir daí. Basta referir:
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- Resolução das Nações Unidas de 1947 acaba com o Mandato Britânico e cria dois Estados, um israelita e outro palestiniano, ficando Jerusalém sob administração da ONU.
- Os judeus aceitam a Resolução e proclamam a Independência. Os palestinianos e os países árabes vizinhos recusam. Tropas libanesas, sírias, jordanas, iraquianas e egípcias invadem Israel (Guerra de 1948-49). Israel ganha a guerra e assina um armistício com os vizinhos.
- Novas guerras, ganhas pelos israelitas: Guerra dos Seis Dias (1967) e Guerra do Yom Kippur (1973).
- Acordo de Paz Israel-Egipto (1979), assinado pelo Presidente egípcio Sadat e pelo Primeiro-Ministro israelita Begin, que levou a uma visita oficial de Sadat a Israel. Sadat viria a ser assassinado em 1981, em parte devido à "traição" de estabelecer a paz com o Estado judaico e de o visitar.
- Intifada (1987-91 e 2000-2005): revoltas de rua levadas a cabo pelos palestinianos (cocktails molotov, arremesso de pedras, pneus queimados) como forma de resistência à ocupação israelita.
- Processo de paz - desde 1991, ocorrem periodicamente conversações entre israelitas e palestinianos. O primeiro acordo de relevo foi assinado em 1995 e levou à criação de uma Autoridade Palestiniana na Margem Ocidental e na Faixa de Gaza. De então para cá, o processo de paz tem conhecido avanços e retrocessos, em grande parte devido às desconfianças israelitas face às reais intenções dos palestinianos e ao seu real empenho em terminar com o terrorismo.
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E chegamos ao primeiro ponto onde eu queria chegar: a vitória do Hamas nas últimas eleições palestinianas.
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É para muitos estranho como o Hamas, partido radical e terrorista (ou próximo disso) venceu a Fatah (mais moderada e favorável ao processo de paz). Alguns não acharão estranho mas até natural, dado que se verificou na Palestina.
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No entanto, convém esclarecer que a situação da Autoridade Palestiniana estava longe de ser famosa: corrupção, excesso de recrutamento de pessoal, incapacidade para organizar e dinamizar a economia. Os palestinianos estavam fartos de uma Fatah que se mostrou incapaz de dar a paz ou o progresso. Corrupta e ineficaz. Logo, derrotada.
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Ora convém esclarecer também que o Hamas não é apenas um bando de barbudos terroristas: há no Hamas intelectuais e religiosos com elevado nível de erudição (se me permitem, são semelhantes aos intelectuais europeus de esquerda radical dos anos 60 e 70 - inteligentes mas fundamentalistas).
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Tudo misturado, não espanta que o Hamas tenha vencido.
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E quando tudo parece negro... eu encontro a maior das razões para a esperança. E não de um modo lírico, mas de um modo politicamente realista.
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E a esperança é esta: a vitória do Hamas pode conduzir a uma grande vitória da Democracia sobre o terrorismo (quiçá a primeira grande vitória).
(Continua)
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