28.6.05

Cunhal

Deixei passar propositadamente algum tempo da morte de Álvaro Cunhal para escrever mais "a frio" sobre a mesma. Foi muito elogiado, por ser corajoso, coerente e sei lá que mais.

Eu concordo com a parte da coragem. Não devia ser nada fácil combater na clandestinidade a ditadura de Salazar e Caetano. Quem passou pelas prisões e, mais ainda, pela tortura do regime do Estado Novo, deve merecer o nosso reconhecimento. Era certamente preciso muita resistência, coragem e idealismo.

Mas não posso esquecer que o regime que Cunhal pretendia para Portugal era uma ditadura de tipo estalinista.

O Expresso recuperou, na sua última edição, uma entrevista dada por Cunhal à revista italiana "Europeo" no Verão Quente de 1975. Para Cunhal, as eleições que tinham havido para a Assembleia Constituinte "não têm qualquer importância, nenhuma mesmo". Assegurou que "em Portugal não haverá Parlamento". E rematou dizendo que "não existe hoje em Portugal a menor possibilidade de uma democracia como as da Europa Ocidental".

Portanto, honra ao seu passado de combatente antifascista. Mas não nos esqueçamos do que seria Portugal se Cunhal tivesse chegado ao poder. Nunca.

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois, está tudo doido. Quem vê a televisão julga que o Cunhal era um santo! Morreu, é preciso respeitar. Mas fazer dele um herói, calma! Como muito bem diz, se dependesse dele, Portugal era uma ditadura!