13.12.06

Desocupado leitor:


Quando era miúdo, havia uns desenhos animados espanhóis sobre o D. Quixote. Nesse tempo de duopólio RTP 1 e RTP 2 - quando Cartoon Networks, Pandas, Nickelodeons e afins eram uma miragem ainda lá longe -, em se tratando de desenhos animados, aqui o vosso amigo não perdia. Mesmo sendo uns desenhos animados fraquinhos, sem grande qualidade, vindos do lado de lá da fronteira, como era o caso destes.
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Com esses desenhos animados, fiquei a conhecer o Quixote. E durante muitos anos, o "meu" Quixote era o dessa série. Ou, pelo menos, o dessa série tal como então o vi e tal como o fui desde aí recordando ao longo dos anos. E era bem simples: um velho meio louco, vítima de alucinações frequentes que o metiam em toda a espécie de sarilhos - a ele e ao seu fiel escudeiro, Sancho de seu nome, Pança de sua alcunha e inocente de seu carácter, digo eu (lol).
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Mais tarde, começo a ouvir cada vez mais elogios à famosa obra de Cervantes. O primeiro romance moderno, uma obra que resistia à passagem do tempo, uma obra-prima, etc., etc., etc. Bem, confesso que fiquei curioso e lá ganhei coragem para comprar o livro. Ou melhor, a coragem foi precisa para começar a lê-lo, que são 800 páginas!!
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Ainda não acabei (nem sei se será tão cedo, porque tenho a mania de intercalar livros), mas desde já digo que sem dúvida vale a pena!
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Alguns elogios são exagerados. Para mim não é, claramente, o romance (ou obra de ficção, se preferirem) mais notável de sempre. Mas é uma obra riquíssima, que vai muito para além da narração das desventuras de um velho senil. Mas mesmo muito. O que, claro, mudou completamente a minha forma de ver D. Quixote. Nada como ir directamente à fonte!
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(a continuar)

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